SandraMac
04-02-08, 11:38 AM
Dos tais é o reino dos céus: a igreja e as crianças na história cristã
Alderi Souza de Matos
Em seu livro Children in the early church (As crianças na igreja antiga), W. A. Strange observa que na antigüidade havia atitudes ambivalentes em relação às crianças. Os pais amavam seus filhos, mas a necessidade financeira podia fazer com que os abandonassem para morrer. Os pais queriam o melhor para os filhos, mas pensavam neles como animais a serem domesticados e os criavam com severidade. As crianças eram valorizadas, porém, numa sociedade em que se aceitava com naturalidade a escravidão, elas com freqüência eram objeto de exploração e abuso. Os judeus costumavam ter um conceito mais elevado da vida infantil, dando maior ênfase à educação de seus meninos. O cristianismo deu uma contribuição especialmente positiva. O autor C. John Somerville observa: “Por dois mil anos até o presente, os apelos em benefício dos corpos, mentes e espíritos das crianças têm partido em grande parte dos homens e mulheres da igreja”.
Um precedente essencial
Jesus colocou os pequeninos numa posição privilegiada ao afirmar que o reino de Deus “pertencia” a eles e que os adultos só entrariam nesse reino caso se tornassem como crianças (Mt 18.1-4; 19.13-15). O Mestre não exerceu um ministério específico junto aos menores, entendendo-os como incluídos nas famílias a que pertenciam. No entanto, ele não só demonstrou um genuíno interesse pelas crianças, mas exortou os seus seguidores a dedicarem a elas especial atenção e cuidado (Mt 18.5; Mc 9.42). Curiosamente, nas epístolas do Novo Testamento se percebe uma atitude diferente, pois seus autores encaram as crianças de modo mais convencional: elas eram pessoas sob a autoridade dos pais, sendo vistas como exemplos de imaturidade e de potencial para crescimento.
As crianças faziam parte das primeiras igrejas domésticas não só por causa da sua presença necessária, mas devido à convicção de que pertenciam a Deus e à igreja, sendo, por isso, “santas” (1Co 7.14). Como tais, não eram meras expectadoras passivas, mas deviam ser ensinadas e exortadas junto com os adultos (Ef 6.1-4; Cl 3.20). É notável a inclusão das crianças nessas listas de deveres, ao lado do aspecto da mutualidade, visto possuírem direitos e obrigações em relação aos pais. Assim, a família não devia ser uma instituição autoritária, mas um lugar em que todos os membros pudessem crescer juntos na sua vida comum em Cristo. Portanto, ao chamar a atenção para as crianças, falar delas, curá-las e recomendá-las como exemplos e objeto de cuidados, Jesus transmitiu aos seus seguidores a responsabilidade de dar às crianças um lugar central em sua vida comunitária.
Cristãos no mundo pagão
Quando a igreja ainda era minoritária na sociedade pagã, uma criança cristã ficava mais protegida do perigo do infanticídio, comum naqueles tempos. A Didaquê, um manual eclesiástico do início do segundo século, determinava: “Não matarás uma criança no útero, nem matarás um recém-nascido” (2.2). Diferentes autores também condenavam o abandono de menores e a educação permissiva dos adolescentes. Ao mesmo tempo, os primeiros cristãos não se preocuparam em criar escolas exclusivas para seus filhos, mas permitiram que freqüentassem as escolas pagãs. Eles não queriam formar guetos segregados da sociedade.
Um fenômeno revelador foi a participação das crianças nos sacramentos. Os testemunhos mais antigos acerca do batismo infantil são dados por Tertuliano, Hipólito e especialmente Orígenes, que descreveu essa prática como uma tradição da igreja recebida dos apóstolos. Mesmo que essa alegação não possa ser comprovada, ela demonstra o alto apreço em que as crianças eram tidas pela igreja. O batismo de infantes tinha não só o sentido de iniciação e inclusão na comunidade cristã, mas acentuava a idéia de solidariedade familiar, como se vê em alguns textos bíblicos (At 16.15, 33; 1Co 1.16). Outros testemunhos antigos nesse sentido são os de Cipriano e Agostinho. No que se refere à Santa Ceia ou Eucaristia, a participação das crianças nesse sacramento era comum e não foi contestada nos quatro primeiros séculos. Algumas autoridades que a mencionam são Cipriano, as Constituições Apostólicas, Agostinho e escritores da igreja grega. Num período posterior, a crescente reverência pelos elementos da Ceia fez com que as crianças fossem afastadas da mesa de comunhão.
Tensões na experiência medieval
No Medievo existiram atitudes contrastantes em relação às crianças, como destacam Daniele Alexandre-Bidon e Didier Lett em Les enfants au Moyen Âge (As crianças na Idade Média). Por um lado, houve forte ênfase no tema da inocência dos infantes, o que fazia deles seres sagrados e uma espécie de emissários de Deus. Por outro lado, eles podiam ser vistos como perturbadores da meditação ou da vida intelectual dos religiosos. Atribuía-se o nascimento de crianças deformadas ou doentes a interferências demoníacas ou punição divina. Os nascimentos múltiplos (gêmeos) eram considerados sinais de pecados como adultério e fornicação. Quando bebês morriam antes de serem batizados, isso causava grande angústia nos pais. A valorização da vida monástica podia levar à ruptura precoce dos laços familiares. Muitas crianças eram enviadas aos mosteiros com 6 ou 7 anos de idade (os oblatos), como ocorreu com o Venerável Beda e Hildegarda de Bingen.
Ao mesmo tempo, a igreja continuava a combater a contracepção, o aborto e o abandono de menores. Os pais pobres que quisessem se desfazer de um dos filhos eram incentivados a deixá-lo num local público, como a porta da igreja, para que pudesse ser recolhido. Na maior parte dos casos, a educação infantil ocorria no âmbito familiar. Além disso, havia as escolas monásticas, paroquiais e episcopais. O bispo Teodulfo de Orléans ordenou em 798: “Os sacerdotes tenham escolas nas regiões agrícolas e nas grandes vilas rurais, e se os fiéis quiserem confiar-lhes seus filhinhos para aprender as letras, não se recusem a recebê-los e ensiná-los, e os ensinem com muito amor. Não exijam pagamento”. A morte era uma ocasião que também revelava o afeto pelas crianças: elas eram sepultadas com tanto desvelo quanto os adultos. Muitos epitáfios antigos revelam sentimentos de profundo afeto.
A centralidade da família puritana
A Reforma Protestante deu uma contribuição significativa à sociedade ao valorizar o casamento e a família como o contexto divinamente ordenado para a vida cristã. A família protestante era patriarcal, tendo o esposo e pai como o líder inconteste. O contexto familiar caracterizava-se por afeto, reciprocidade, trabalho e frugalidade, sendo também uma escola de religiosidade e cidadania. No que diz respeito ao lugar das crianças, os puritanos ingleses e norte-americanos foram incomparáveis. C. John Somerville observa que o puritanismo inglês foi uma das poucas épocas em que as crianças se tornaram centrais para a religião. Para esse grupo, a finalidade primordial da família era glorificar a Deus. Assim sendo, os puritanos viam a família essencialmente como uma pequena igreja, onde as devoções eram essenciais. Um deles escreveu: “Se queremos que a igreja de Deus permaneça entre nós, devemos levá-la para os nossos lares e nutri-la em nossas famílias”. Outros propósitos eram o benefício da sociedade e a realização pessoal da cada integrante da unidade familiar.
Sob a liderança firme e amorosa do pai e a participação atenta da mãe, os filhos eram objeto de grande interesse. Os puritanos tinham a convicção básica de que seus filhos pertenciam a Deus, que os havia confiado aos seus cuidados. Algumas das advertências puritanas mais solenes são contra a negligência dos pais em educar apropriadamente sua progênie. Os deveres dos pais incluíam prover as necessidades materiais das crianças, ensiná-las a trabalhar e, acima de tudo, dar-lhes treinamento espiritual e moral. A disciplina era levada a sério, visando restringir as tendências negativas e promover a vida cristã. Na concepção puritana, como nota Leland Ryken em Santos no Mundo, os filhos eram criaturas decaídas cuja inclinação pecaminosa devia ser redirecionada para Deus e a bondade moral. Em três aspectos os puritanos anteciparam atuais teorias de desenvolvimento: a importância do treinamento precoce, o ensino mais pelo exemplo que pelas palavras e o equilíbrio entre a severidade e o apoio positivo. O legado dos puritanos se faz sentir até hoje nos seus países de origem.
Na longa e multifacetada história do cristianismo, as crianças têm ocupado um lugar de maior ou menor destaque em diferentes grupos, épocas e locais. Obviamente, muitas vezes houve atitudes e comportamentos pouco apreciáveis em relação a elas, notadamente quando pobres e marginalizadas. Todavia, de maneira geral, a contribuição das igrejas no tocante à infância foi mais positiva que negativa, em comparação com o que ocorria na sociedade ao redor. Certamente o fator preponderante para isso foi, e continua a ser, o exemplo do próprio Cristo, tanto em seus ensinos como em suas ações.
• Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil.
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Fonte: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_art ... edicao=310 (http://www.ultimato.com.br/?pg=show_artigos&secMestre=2078&sec=2099&num_edicao=310)
Alderi Souza de Matos
Em seu livro Children in the early church (As crianças na igreja antiga), W. A. Strange observa que na antigüidade havia atitudes ambivalentes em relação às crianças. Os pais amavam seus filhos, mas a necessidade financeira podia fazer com que os abandonassem para morrer. Os pais queriam o melhor para os filhos, mas pensavam neles como animais a serem domesticados e os criavam com severidade. As crianças eram valorizadas, porém, numa sociedade em que se aceitava com naturalidade a escravidão, elas com freqüência eram objeto de exploração e abuso. Os judeus costumavam ter um conceito mais elevado da vida infantil, dando maior ênfase à educação de seus meninos. O cristianismo deu uma contribuição especialmente positiva. O autor C. John Somerville observa: “Por dois mil anos até o presente, os apelos em benefício dos corpos, mentes e espíritos das crianças têm partido em grande parte dos homens e mulheres da igreja”.
Um precedente essencial
Jesus colocou os pequeninos numa posição privilegiada ao afirmar que o reino de Deus “pertencia” a eles e que os adultos só entrariam nesse reino caso se tornassem como crianças (Mt 18.1-4; 19.13-15). O Mestre não exerceu um ministério específico junto aos menores, entendendo-os como incluídos nas famílias a que pertenciam. No entanto, ele não só demonstrou um genuíno interesse pelas crianças, mas exortou os seus seguidores a dedicarem a elas especial atenção e cuidado (Mt 18.5; Mc 9.42). Curiosamente, nas epístolas do Novo Testamento se percebe uma atitude diferente, pois seus autores encaram as crianças de modo mais convencional: elas eram pessoas sob a autoridade dos pais, sendo vistas como exemplos de imaturidade e de potencial para crescimento.
As crianças faziam parte das primeiras igrejas domésticas não só por causa da sua presença necessária, mas devido à convicção de que pertenciam a Deus e à igreja, sendo, por isso, “santas” (1Co 7.14). Como tais, não eram meras expectadoras passivas, mas deviam ser ensinadas e exortadas junto com os adultos (Ef 6.1-4; Cl 3.20). É notável a inclusão das crianças nessas listas de deveres, ao lado do aspecto da mutualidade, visto possuírem direitos e obrigações em relação aos pais. Assim, a família não devia ser uma instituição autoritária, mas um lugar em que todos os membros pudessem crescer juntos na sua vida comum em Cristo. Portanto, ao chamar a atenção para as crianças, falar delas, curá-las e recomendá-las como exemplos e objeto de cuidados, Jesus transmitiu aos seus seguidores a responsabilidade de dar às crianças um lugar central em sua vida comunitária.
Cristãos no mundo pagão
Quando a igreja ainda era minoritária na sociedade pagã, uma criança cristã ficava mais protegida do perigo do infanticídio, comum naqueles tempos. A Didaquê, um manual eclesiástico do início do segundo século, determinava: “Não matarás uma criança no útero, nem matarás um recém-nascido” (2.2). Diferentes autores também condenavam o abandono de menores e a educação permissiva dos adolescentes. Ao mesmo tempo, os primeiros cristãos não se preocuparam em criar escolas exclusivas para seus filhos, mas permitiram que freqüentassem as escolas pagãs. Eles não queriam formar guetos segregados da sociedade.
Um fenômeno revelador foi a participação das crianças nos sacramentos. Os testemunhos mais antigos acerca do batismo infantil são dados por Tertuliano, Hipólito e especialmente Orígenes, que descreveu essa prática como uma tradição da igreja recebida dos apóstolos. Mesmo que essa alegação não possa ser comprovada, ela demonstra o alto apreço em que as crianças eram tidas pela igreja. O batismo de infantes tinha não só o sentido de iniciação e inclusão na comunidade cristã, mas acentuava a idéia de solidariedade familiar, como se vê em alguns textos bíblicos (At 16.15, 33; 1Co 1.16). Outros testemunhos antigos nesse sentido são os de Cipriano e Agostinho. No que se refere à Santa Ceia ou Eucaristia, a participação das crianças nesse sacramento era comum e não foi contestada nos quatro primeiros séculos. Algumas autoridades que a mencionam são Cipriano, as Constituições Apostólicas, Agostinho e escritores da igreja grega. Num período posterior, a crescente reverência pelos elementos da Ceia fez com que as crianças fossem afastadas da mesa de comunhão.
Tensões na experiência medieval
No Medievo existiram atitudes contrastantes em relação às crianças, como destacam Daniele Alexandre-Bidon e Didier Lett em Les enfants au Moyen Âge (As crianças na Idade Média). Por um lado, houve forte ênfase no tema da inocência dos infantes, o que fazia deles seres sagrados e uma espécie de emissários de Deus. Por outro lado, eles podiam ser vistos como perturbadores da meditação ou da vida intelectual dos religiosos. Atribuía-se o nascimento de crianças deformadas ou doentes a interferências demoníacas ou punição divina. Os nascimentos múltiplos (gêmeos) eram considerados sinais de pecados como adultério e fornicação. Quando bebês morriam antes de serem batizados, isso causava grande angústia nos pais. A valorização da vida monástica podia levar à ruptura precoce dos laços familiares. Muitas crianças eram enviadas aos mosteiros com 6 ou 7 anos de idade (os oblatos), como ocorreu com o Venerável Beda e Hildegarda de Bingen.
Ao mesmo tempo, a igreja continuava a combater a contracepção, o aborto e o abandono de menores. Os pais pobres que quisessem se desfazer de um dos filhos eram incentivados a deixá-lo num local público, como a porta da igreja, para que pudesse ser recolhido. Na maior parte dos casos, a educação infantil ocorria no âmbito familiar. Além disso, havia as escolas monásticas, paroquiais e episcopais. O bispo Teodulfo de Orléans ordenou em 798: “Os sacerdotes tenham escolas nas regiões agrícolas e nas grandes vilas rurais, e se os fiéis quiserem confiar-lhes seus filhinhos para aprender as letras, não se recusem a recebê-los e ensiná-los, e os ensinem com muito amor. Não exijam pagamento”. A morte era uma ocasião que também revelava o afeto pelas crianças: elas eram sepultadas com tanto desvelo quanto os adultos. Muitos epitáfios antigos revelam sentimentos de profundo afeto.
A centralidade da família puritana
A Reforma Protestante deu uma contribuição significativa à sociedade ao valorizar o casamento e a família como o contexto divinamente ordenado para a vida cristã. A família protestante era patriarcal, tendo o esposo e pai como o líder inconteste. O contexto familiar caracterizava-se por afeto, reciprocidade, trabalho e frugalidade, sendo também uma escola de religiosidade e cidadania. No que diz respeito ao lugar das crianças, os puritanos ingleses e norte-americanos foram incomparáveis. C. John Somerville observa que o puritanismo inglês foi uma das poucas épocas em que as crianças se tornaram centrais para a religião. Para esse grupo, a finalidade primordial da família era glorificar a Deus. Assim sendo, os puritanos viam a família essencialmente como uma pequena igreja, onde as devoções eram essenciais. Um deles escreveu: “Se queremos que a igreja de Deus permaneça entre nós, devemos levá-la para os nossos lares e nutri-la em nossas famílias”. Outros propósitos eram o benefício da sociedade e a realização pessoal da cada integrante da unidade familiar.
Sob a liderança firme e amorosa do pai e a participação atenta da mãe, os filhos eram objeto de grande interesse. Os puritanos tinham a convicção básica de que seus filhos pertenciam a Deus, que os havia confiado aos seus cuidados. Algumas das advertências puritanas mais solenes são contra a negligência dos pais em educar apropriadamente sua progênie. Os deveres dos pais incluíam prover as necessidades materiais das crianças, ensiná-las a trabalhar e, acima de tudo, dar-lhes treinamento espiritual e moral. A disciplina era levada a sério, visando restringir as tendências negativas e promover a vida cristã. Na concepção puritana, como nota Leland Ryken em Santos no Mundo, os filhos eram criaturas decaídas cuja inclinação pecaminosa devia ser redirecionada para Deus e a bondade moral. Em três aspectos os puritanos anteciparam atuais teorias de desenvolvimento: a importância do treinamento precoce, o ensino mais pelo exemplo que pelas palavras e o equilíbrio entre a severidade e o apoio positivo. O legado dos puritanos se faz sentir até hoje nos seus países de origem.
Na longa e multifacetada história do cristianismo, as crianças têm ocupado um lugar de maior ou menor destaque em diferentes grupos, épocas e locais. Obviamente, muitas vezes houve atitudes e comportamentos pouco apreciáveis em relação a elas, notadamente quando pobres e marginalizadas. Todavia, de maneira geral, a contribuição das igrejas no tocante à infância foi mais positiva que negativa, em comparação com o que ocorria na sociedade ao redor. Certamente o fator preponderante para isso foi, e continua a ser, o exemplo do próprio Cristo, tanto em seus ensinos como em suas ações.
• Alderi Souza de Matos é doutor em história da igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil.
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Fonte: http://www.ultimato.com.br/?pg=show_art ... edicao=310 (http://www.ultimato.com.br/?pg=show_artigos&secMestre=2078&sec=2099&num_edicao=310)