Roberto
15-06-05, 12:26 AM
DINÂMICAS DE GRUPO: UMA CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA PARA UMA PRÁTICA BANALIZADA
Ana Paula Pacheco e Chaves (doutoranda)
Faculdade de Educação da UNESP – Marília
Bolsa CAPES
Introdução
Ao escrever este artigo, recorro a anos de experiência em situações pedagógicas nas quais meu mote tem sido o uso de dinâmicas de grupo como ferramenta essencial ao processo de aprendizado, principalmente de jovens e adultos. Despertada pela percepção recorrente da ausência total do uso de dinâmicas de grupo em contextos educacionais formais (universidade, escolas), pergunto-me o que tem contribuído para que tal prática, tão comum em processos educacionais sociais e empresariais, mantenha-se ainda tão longe das salas de aula.
Não hesito em dizer que o uso de dinâmica de grupo na maioria dos contextos educacionais em que presenciei sua aplicação é banalizado pelo uso inadequado, caracterizado principalmente, pela desvinculação do conhecimento teórico da função de dinâmicas de grupo no processo de aprendizagem e seu conseqüente isolamento de um planejamento pedagógico mais abrangente.
Este artigo tem como proposta fundamentar o uso de dinâmicas de grupo em bases teóricas mais sólidas de modo a poder demonstra seu potencial de uso como valiosa estratégia pedagógica em sala de aula. Para tanto, exploro aqui as idéias do filósofo John Dewey e de Anísio Teixeira e a proposta de Aprendizagem Experiencial de David Kolb[1].
Dinâmicas de Grupo
O trabalho com dinâmicas de grupo, ganhou espaço em treinamentos e processos de formação, a partir da contribuição de Kurt Lewin nos anos 40, iniciado com pesquisas realizados no campo do comportamento organizacional. Sua grande inovação foram os chamados “T-groups” (grupos de treinamento), através dos quais, entre outras características importantes do desenvolvimento de grupos, percebeu-se a importância de se refletir sobre a ação como meio de desenvolver conhecimento necessário para melhorar a atuação do indivíduo.
Hoje, as dinâmicas de grupo têm sido um dos principais instrumentos de treinamentos e processos educacionais, tanto em empresas como em instituições envolvidas com a área social. São atividades de curta duração, usadas como artifício para envolver e motivar pessoas a serem parte ativa de seu processo educacional. De caráter quase sempre lúdico, ou desafiador, capaz de recriar a realidade vivida externamente, as dinâmicas de grupo podem se tornar instrumentos poderosos de motivação para a mudança.
Basicamente são estas as características que definem uma dinâmica de grupo: atividades curtas que empregam alguma técnica específica, motivadoras, envolventes, cujos objetivos variam de “aquecimento” ou sensibilização de um grupo, aprendizado de alguma habilidade, reflexão sobre algum assunto, ou ainda mudança de atitude. Se por um lado a simplicidade desta definição caracteriza qualquer atividade com este caráter e um objetivo claro como dinâmica de grupo, por outro é esta simplicidade que tem tirado das dinâmicas de grupo o potencial de ferramenta pedagógica para deixá-las estar como instrumentos de uso encerrado em si mesmo, isolado do planejamento do processo de aprendizagem caracterizado pela “cognição na proporção em que seja cumulativa ou conduza a alguma coisa ou tenha significação” (DEWEY, 1959, p.153). A meu ver, portanto, banalizadas.
As técnicas de Dinâmica de Grupo, em qualquer de suas especificações, não devem ser aplicadas para criar um modelo novo ou diferenciado de ensino. Devem ser aplicadas quando se busca estabelecer em bases definitivas uma filosofia formativa que se pretende imprimir na escola ou empresa (...) não representa uma “poção mágica” capaz de educar pessoas e alterar comportamentos, mas somente uma estratégia educacional válida na medida em que se insere em todo um processo, com uma filosofia amplamente discutida e objetivos claramente delineados.(ANTUNES, 1999, p.17)
Por outro lado, o uso extensivo das dinâmicas, mesmo frente à crescente sofisticação e criatividade de sua implementação, revela três elementos integrados a seu caráter educativo:
1. seu uso primordial em situações de aprendizagem de jovens e adultos inseridos em grupo
2. a criação de uma situação que é amplamente vivenciada pelos participantes
3. a presença da ludicidade e do desafio como elementos motivadores da participação (e eventualmente da mudança)
Estes três elementos chamam atenção por irem de encontro às circunstâncias encontradas em sala de aula, principalmente do ensino médio, onde percebe-se ainda uma grande relutância em se mudar a dinâmica de ensino, por mais que os termos em voga (“construtivismo” é o atual) estejam presentes como conceitos a serem implantados na prática pedagógica. Mas, essa dinâmica de sala de aula (apesar de mudanças tais como sala ambiente) tem se chocado continuamente com o ritmo e a velocidade das informações e motivações fora dela. Desajuste este que se manifesta ainda mais fortemente na problemática atual em que se encontra o Ensino Médio, onde “a falta de clareza dos próprios objetivos é mais diretamente observável”. (Di Giorgi, memo)
Os novos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) indicam também essa necessidade de mudança paradigmática do processo educacional:
Diante desse mundo globalizado, que apresenta múltiplos desafios para o homem, a educação surge como uma utopia necessária indispensável à humanidade na sua construção da paz, da liberdade e da justiça social(...) Considerando-se tal contexto, buscou-se construir novas alternativas de organização curricular para o Ensino Médio comprometidas, de um lado, com o novo significado do trabalho no contexto da globalização e, de outro, com o sujeito ativo, a pessoa humana que se apropriará desses conhecimentos para se aprimorar, como tal, no mundo do trabalho e na prática social. Há, portanto, necessidade de se romper com modelos tradicionais, para que se alcancem os objetivos propostos para o Ensino Médio.(MEC/PCNEM, 1996, p.14)
O grande trunfo das possibilidades do uso de dinâmicas de grupo em sala de aula é a oportunidade de se criar uma vivência lúdica e desafiadora com o grupo de alunos que, ao ser trabalhada a partir do plano de ensino, introduz gradualmente mudanças que geram a compreensão do funcionamento de um paradigma diferente sobre os quais o próprio professor, através de sua experiência, tem condições de generalizar para outros campos de sua didática, de modo a conseguir romper com os modelos tradicionais. Mas, para que o primeiro passo seja dado, há que se ter consciência sobre qual modelo teórico se sustenta a opção pela dinâmica de grupo.
Eu, particularmente, sempre que uso dinâmicas de grupo com o objetivo de galgar um degrau no processo de mudança almejado, uso como referencial teórico para o planejamento do processo educacional, a “Aprendizagem Experiencial”. A razão disto, além de ter adotado este paradigma como educadora, é o fato de que dinâmicas de grupo significam, em última instância, uma vivência que participantes de um grupo experimentam. E é esta experiência que inicia o processo de aprendizagem.
A Aprendizagem Experiencial
A aprendizagem experiencial estabelece um parâmetro para a análise e fortalecimento dos fatores que interligam o trabalho, o desenvolvimento pessoal e a educação (KOLB, 1984).
Baseada na tese (articulada primeiramente por L.S. Vigotski) de que “aprender pela experiência é o processo através do qual o desenvolvimento humano ocorre” (KOLB, 1984), esta perspectiva educacional é assim denominada para “vincular a proposta às origens intelectuais dos trabalhos de Dewey, Lewin e Piaget” - considerados por Kolb os construtores da base do aprendizado através da experiência - e “para enfatizar o papel central que a experiência tem no processo de aprendizado”.
As contribuições de Lewin, Piaget e Dewey, têm igual importância na constituição da aprendizagem experiencial. De cada um deles extraiu-se uma parte significativa para formar uma teoria educacional que considera o homem como um ser integrado à natureza, capaz de aprender de sua experiência e da reflexão consciente sobre ela, e motivado pelos seus propósitos.
A contribuição de Kurt Lewin vem de seu trabalho com dinâmicas de grupo e com o desenvolvimento metodologia de pesquisa ação. “O tema consistente em todo trabalho de Lewin era sua preocupação pela integração entre teoria e prática [...].”(KOLB, 1984,p.9), resumida em sua clássica frase: “Nada é tão prático como uma boa teoria”.
De Piaget, a aprendizagem experiencial emprestou a teoria do desenvolvimento cognitivo, através do qual a experiência permeia o processo dialético de assimilação e acomodação de conhecimento e aprendizado.
Dewey, dito filósofo pragmatista, via a experiência como um foco organizador da aprendizagem, fundamento ilustrado abaixo com a citação escolhida por Kolb para caracterizar a aprendizagem experiencial:
Se tenta-se formular a filosofia da educação implícita nas práticas da nova educação, eu acho que podemos descobrir alguns princípios comuns...À imposição vinda de cima opõem-se expressão e cultivo à individualidade; à disciplina externa, opõem-se atividade livre; ao aprendizado advindo de textos e professores, aprendizado através da experiência; à aquisição de práticas e técnicas isoladas pelo exercício, opõem-se a aquisição delas como meio para se atingir objetivos que têm apelo direto e vital; à preparação para um futuro mais ou menos remoto, opõem-se o fazer o máximo das oportunidade da vida presente; à metas estáticas e materiais, opõem-se aquisição em um mundo mutante(...).
Eu considero que a unidade fundamental da nova filosofia é encontrada na idéia de que há uma relação íntima e necessária entre os processos de experiência real e educação. (DEWEY apud KOLB, 1984, p.5)
Para Dewey ainda, a experiência é resultado da ação do homem sobre o ambiente, da qual surgem reações em que ambos saem modificados. Na medida em que o homem tem a capacidade de atribuir significado à experiência vivenciada, revendo-a e planejando seu futuro, está-se fazendo educação (TEIXEIRA, 1980).
Pode-se afirmar ainda, que se por um lado o processo de aprendizagem é individual na medida em que toda atividade educativa é uma “libertação de forças e tendências e impulsos existentes no indivíduo”, que são parte do “elemento de direção e de orientação da atividade” (TEIXEIRA, 1980, p.122), por outro “a vida social se perpetua por intermédio da educação”, na qual a comunicação e a transmissão tem papel fundamental na interrelação entre grupos: “toda a educação é social, sendo como é, uma conquista de um modo de agir comum. Nada se ensina, nem se aprende, senão através de uma compreensão comum ou de um uso comum”.(TEIXEIRA, 1980, p.117-120). O que significa que o equilíbrio entre estes dois processos conjuga duas forças elementares para o processo educacional.
O elemento comum a estes três autores, além da centralidade dada à experiência na educação, e no processo dialético entre ela e o pensar, está no pressuposto de que a aprendizagem é um processo ininterrupto ao longo da vida do indivíduo e que o seu desenvolvimento se faz através da experiência, mediante o direcionamento à um propósito específico.
Portanto, o que define a Aprendizagem Experiencial são princípios educacionais construídos mediante uma visão clara do ser humano que se quer formar e da função da educação neste processo. Resgatadas as afirmações feitas acima sobre os elementos principais da aprendizagem experiencial, temos na citação a seguir uma descrição desta teoria:
Isto diferencia a teoria do aprendizado experiencial de teorias racionalistas e outras teorias cognitivistas que tendem a dar ênfase primordial à aquisição, manipulação e uso de símbolos abstratos, e de teorias de aprendizado comportamentais que negam qualquer papel à consciência e à experiência subjetiva no processo de aprendizado. Deve-se enfatizar, no entanto, que o objetivo deste trabalho não é colocar a aprendizagem experiencial como uma terceira alternativa(...), mas sim sugerir, através da aprendizagem experiencial, uma perspectiva holística, integrativa que combina experiência, percepção, cognição e comportamento.(KOLB,1984, p.20)
A teoria na prática
O que isso nos diz para o uso de dinâmicas de grupo?
Sob o prisma da Aprendizagem Experiencial, eis como vejo a dinâmica de grupo:
1. A dinâmica de grupo é uma ferramenta através da qual se permite vivenciar uma experiência.
Uma situação simulada, desenvolvida para se criar experiências para aqueles que aprendem, serve para iniciar seu próprio processo de investigação e aprendizado.(KOLB, 1984, p.11)
Eis porque ao planejar o objetivo de aprendizagem que se pretende alcançar via uma dinâmica de grupo, requer que se escolha com cuidado qual o tipo de dinâmica que catapulta o processo de investigação e aprendizado conducentes ao propósito estipulado.
2. Ao se trabalhar em grupo, está-se criando a oportunidade de se exercitar a função social através de comunicação e troca, na medida em que exista pluralidade e diferenças a serem trabalhadas. Considerando-se a diversidade existente em uma sala de aula, pode-se dizer que ela é o ambiente ideal para as dinâmicas de grupo, uma vez que saiba se facilitar o processo de trabalhá-las.
3. A dinâmica de grupo trabalha também no nível de motivação individual, na medida em que os participantes vivenciam uma atividade. Tendo condições de ser “uma resposta a estímulos específicos ou gerais, nascidos do próprio organismo e do meio ambiente em que o indivíduo vive”, e contendo o potencial de “ libertação de forças e tendências e impulsos existentes no indivíduo, e por ele mesmo trabalhados e exercitados, e, portanto dirigidos” (DEWEY apud ANÍSIO TEIXEIRA, 1959, p.15-22), ela se torna uma atividade educativa - desde contextualizada no propósito educacional definido por meio de objetivos que consideram as necessidades e a identidade do grupo de participantes. Como ilustra Dewey, no exemplo a seguir:
O menino que empina um papagaio tem de conservar o olhar fixo neste e de notar as variações de pressão do fio em sua mão. Seus sentidos são avenidas para os conhecimentos, não porque os fatos exteriores sejam de certo modo veiculados para o cérebro, e sim por serem usados para fazer alguma coisa com determinado objetivo. As qualidades das coisas vistas e sentidas têm alcance sobre o que está fazendo e são, por isso mesmo, vivamente percebidas; possuem uma significação, possuem sentido.(DEWEY, 1959, p.155).
4. Cabe à dinâmica de grupo extrair da realidade o ambiente “onde exista tensão dialética entre a experiência concreta e imediata e o distanciamento analítico” – uma vez que o aprendizado é melhor facilitado por este ambiente” (KOLB, 1984, p. 22) - para recriá-lo através da atividade proposta, dando significado ao objetivo de seu uso.
5. O processo de aprendizado estimulado pela dinâmica de grupo, para ser efetivamente considerado educacional, tem que culminar na atribuição de significado à experiência vivenciada, de modo a revê-la no contexto real e planejar o futuro dentro da realidade do grupo. Ou seja, uma vez considerando as necessidades do grupo participante, o resultado da aplicação da dinâmica de grupo tem que acrescentar à realidade do aluno, tem que carregar uma semente de mudança a ser refletida numa prática diferenciada:
“Aprender da experiência” é fazer uma associação retrospectiva e prospectiva entre aquilo que fazemos às coisas e aquilo que em conseqüência essas coisas nos fazem gozar ou sofrer. Em tais condições a ação torna-se uma tentativa; experimenta-se o mundo para se saber como ele é; o que se sofrer em conseqüência torna-se instrução – isto é, a descoberta das relações entre as coisas. Disto decorrem duas conclusões importantes para a educação. 1) A experiência é, primariamente, uma ação ativo-passiva; não é, primariamente, cognitiva. Mas 2) a medida do valor de uma experiência reside na percepção das relações ou continuidades a que nos conduz. Ela inclui a cognição na proporção em que seja cumulativa ou conduza a alguma coisa ou tenha significação.(DEWEY,1959, p.153)
6. A dinâmica de grupo pode contribuir para o exercício das operações formais na medida em que ao analisar a experiência e generalizá-la para outros contextos (ver Ciclo da Aprendizagem Experiencial logo abaixo), as operações se libertam da duração, ou seja, de fato, “do contexto psicológico das ações do sujeito, com o que elas comportam de dimensão causal, além de suas propriedades implicativas ou lógicas”, para atingir finalmente um caráter extemporâneo (PIAGET, 1990, p.45).
Fazendo-se então o exercício de abstração e reflexão sobre a realidade de modo a se criar oportunidades de mudanças de atitude significativas, valoriza-se o potencial desta estratégia educacional e a oportunidade de aprendizado. Este exercício tem maior eficiência e resultado educativo (no sentido de produção de conhecimento), com crianças nesta fase de desenvolvimento (segundo Piaget, a partir dos 11 anos). Nota-se ainda, que o planejamento detalhado e exato das metas que se quer atingir com a aplicação da dinâmica deve ser elaborado cuidadosamente.
Outro elemento crucial deste processo pedagógico é o papel do professor como facilitador da atribuição de significado e planejamento de futuro resultantes da aplicação da dinâmica. Como facilitador do processo, o professor tem a responsabilidade de um planejamento coerente com seu plano de ensino; a aplicação da dinâmica de forma a envolver todos os participantes na atividade sem qualquer coação (dica: se alguém se recusa a participar, pode auxiliar como observador. Vivenciar a experiência não deve ser nunca um processo traumático, ainda mais numa sala de aula); e a condução do processo até o resultado almejado (através de perguntas abertas é uma das maneiras mais simples e eficientes de se conduzir o processo). Não cabe a ele, de forma alguma a interpretação da experiência vivenciada pelos alunos (um grande sinal de alerta neste momento: a função da dinâmica em um processo de aprendizado escolar não deve nunca estar associada a qualquer tentativa de “psicologização” do grupo ou de indivíduos participantes nele).
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial elaborado por Kolb, modela bastante bem essa base contextual descrita acima. Eu o uso como estrutura básica para o planejamento de qualquer processo educacional iniciado com uma dinâmica de grupo.
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial tem quatro “estágios” iniciados a partir da experiência e desenvolvido através de um movimento dialético entre experiência e análise.
A certeza que tanto Dewey quanto Kolb encontram na aprendizagem experiencial, está baseada na crença da força transformativa que tem este processo cíclico. O que Kolb fez portanto, foi determinar quais são os pontos cruciais para se fechar o ciclo e se poder intervir na realidade de forma diferente, integrando processos opostos para transformar o “impulso cego” em “propósito maturo”. (KOLB, 1984, p.38). Ou como diz Dewey, é a mistura entre desejo e impulso para se adquirir força que direciona o que de outro modo é cego [...].(DEWEY apud KOLB, 1984)
Uma vez determinado o objetivo do uso da dinâmica de grupo e com o desenho desta feito sob medida para alcançar este objetivo, ela é aplicada, dando-se início ao processo de aprendizado tido como “um processo dialético integrando experiência e conceitos, observações e ação”(KOLB, 1984,p.22).
O ciclo (Kolb, 1984, p.42) de Aprendizagem Experiencial se inicia com a EXPERIÊNCIA CONCRETA, no caso, com a aplicação da atividade dinâmica escolhida. Exemplos de atividades que podem constituir a dinâmica de grupo vão desde a leitura de um conto, uma peça de teatro, um jogo, até uma simulação bem elaborada. O essencial é que a atividade contenha os elementos alinhados com o objetivo pedagógico planejado. Num segundo momento, dá-se a OBSERVAÇÃO REFLEXIVA. Este é o momento em que o que se quer é que os participantes façam observações, exclamações, afirmações, enfim, que se expressem suas impressões e sentimentos sobre o que vivenciaram. É o reflexo da experiência que se quer ver, sem qualquer interrupção ou filtro. Enquanto no primeiro momento há espaço para a manifestação natural do lado afetivo do indivíduo, num segundo momento, está-se descrevendo o que foi vivido. É só no terceiro momento, CONCEITUALIZAÇÃO ABSTRATA, que dá-se início a um processo racional de abstração, quando se começa a conceituar as observações realizadas e dar-lhes significação a partir, não mais apenas da dinâmica de grupo, mas sim da experiência individual ou de grupo que se viu refletida na dinâmica.
Até este momento, tem-se a assimilação do conhecimento. A partir daqui, quando a experiência é apreendida e transformada em extensão do aprendizado, está-se criando meios para que o conhecimento se acomode. Os hesmisférios direito e esquerdo do cérebro, que correspondem diretamente à distinção entre as abordagens experienciais concretas e cognitivas abstratas do aprendizado são utilizados nestas três primeiras fases do ciclo. O último passo no ciclo de aprendizagem experiencial, é a chamada EXPERIMENTAÇÃO ATIVA, que nada mais é do que a elaboração de alternativas de mudanças que possam subsidiar uma nova experiência, o planejamento de futuro. E aí se recomeça o ciclo com a nova experiência.
A idéia central aqui, é que o aprendizado, e consequentemente, o conhecimento requerem tanto uma apreensão como uma representação figurativa da experiência e uma transformação desta representação. A apreensão figurativa ou a transformação operativa por si só não são suficientes. A simples percepção da experiência não é suficiente para aprender; algo deve ser feito com ela. Similarmente, a transformação por si só não representa o aprendizado, deve existir algo a ser transformado, algum estado ou experiência sobre o qual se está agindo. (KOLB, 1984, p.42)
Assim como Kolb, Dewey ressalta a importância de se extrair do processo de aprendizado a teorização. Este ponto é extremamente importante de se ressaltar, pois ele praticamente inexiste no trabalho com dinâmicas de grupo. É como se houvesse uma idéia (distorcida) de que “experiencial” exclui teoria. É neste ponto que se estampa a banalização do uso de dinâmicas de grupo e se tira dela a força da aprendizagem. Portanto, reitero este ponto: aprendizagem experiencial, e portanto o uso das dinâmicas de grupo podem e devem ter produtos teóricos se querem ter solidez educativa. A teoria é a estruturação e organização do aprendizado prático, enriquecido como o ato de pensar e “pensar é o esforço intencional para descobrir as relações específicas entre uma coisa que fazemos e a conseqüência que resulta, do modo a haver continuidade entre ambas...Pensar equivale, assim a patentear, a tornar explícito o elemento inteligível de nossa experiência. (DEWEY, 1959, p.159)
O pensamento ou a reflexão,(...) é o discernimento da relação entre aquilo que tentamos fazer e o que sucede em conseqüência. Sem algum elemento intelectual não é possível nenhuma experiência significativa(...) Na descoberta minuciosa das relações entre os nossos atos e o que acontece em conseqüência deles, surge o elemento intelectual que não se manifestara nas experiências de tentativa e erro. À medida que se manifesta esse elemento aumenta proporcionalmente o valor da experiência. Com isto, muda-se a qualidade desta; a mudança é tão significativa, que poderemos chamar reflexiva esta espécie de experiência – isto é, reflexiva por excelência. (DEWEY, 1959, p.158-159).
Este caráter do pensar está contido na proposta que descrição que Dewey faz da “experiência reflexiva”, ao meu ver, o resumo do ciclo de aprendizagem experiencial proposto por Kolb:
Isto é o que se refere aos aspectos gerais de uma experiência reflexiva: 1) perplexidade, confusão e dúvida, devidas ao fato de que a pessoa está envolvida em uma situação incompleta cujo caráter não ficou plenamente determinado ainda; 2) uma previsão conjetural – uma tentativa de interpretação dos elementos dados, atribuindo-lhes uma tendência para produzir certas conseqüências; 3) um cuidadoso exame (observação, inspeção, exploração, análise) de todas as considerações possíveis que definam e esclareçam o problema a resolver; 4) a conseqüente elaboração de uma tentativa de hipótese para torná-lo mais preciso e mais coerente, harmonizando-se com uma série maior de circunstâncias; 5) tomar como base a hipótese concebida, para o plano de ação aplicável ao existente estados de coisas; fazer alguma coisa para produzir o resultado previsto e por esse modo por em prova a hipótese (...) [os dois últimos] tornam o ato de pensar em uma experiência. (DEWEY, 1959, p.165)
Não há como deixar de lembrar que já dizia Bourdieu, em uma de suas entrevistas, que a “análise reflexiva” é a única capaz de romper com o determinismo do habitus, matriz de disposições que controla nosso comportamento social por via inconsciente. É a chance dada ao “caráter [que] não ficou plenamente determinado ainda”, e que portanto, ainda traz em si a possibilidade da mudança.
Penso também que este mesmo processo pode ser analisado sob a teoria da abstração reflexionante e empírica analisadas por Piaget, visto que as dinâmicas de grupo, ao acompanharem a “evolução” dos quatro estágios do ciclo, têm o potencial de fechar um ciclo de aprendizagem, então reiniciado com a implantação de mudanças na nova experiência. Quando bem planejado o processo pode-se chegar ao seguinte estágio descrito por Piaget:
A abstração reflexionante já é, por si mesma, uma espécie de operação que retira certas coordenações de seu contexto, retendo-as, e descartando o restante. A abstração empírica também o é, em certo sentido, porém em menor grau, porquanto se limita a escolher, dentre os observáveis perceptíveis, aqueles que respondem a uma dada questão, ao passo que a abstração reflexionante comporta uma atividade contínua, que pode permanecer inconsciente [...]. O primeiro resultado das abstrações reflexionantes é, portanto, acarretar, seja a diferenciação de um esquema de coordenação para aplicá-lo de maneira nova, o que aumenta os poderes do sujeito [...], seja a “objetivação” de um processo coordenador que se torna, então, objeto de representação ou de pensamento, o que aumenta os conhecimentos do sujeito, alargando o campo de sua consciência e enriquecendo, portanto sua conceituação.(PIAGET, 1995, p.278)
Voltando à proposta do PCNEM, vemos que as dinâmicas de grupo, sustentadas pela teoria da Aprendizagem Experiencial, podem ajudar os professores a darem os primeiros passos no aprendizado (através da experiência!) de novos modelos, para que se chegue eventualmente ao ideal que se deseja de “que os estudantes desenvolvam competências básicas que lhes permitam desenvolver a capacidade de continuar aprendendo” (PCNEM, 1996, p.14). E eu acho realmente, que o exercício da abstração reflexionante é um dos mais importantes neste processo.
O uso das dinâmicas de grupo é apenas um pequeno exemplo prático desenvolvido a partir de alguns anos de prática de campo que indica uma demanda da atual realidade educacional do Brasil: se quisermos alcançar mudanças paradigmáticas através da educação, temos que nos dedicar à análise reflexiva (advinda de nossa experiência!) desde o momento de propor uma dinâmica educacional até o momento em que estivermos intervindo, com nossa proposta, nas mudanças para o ideal de homem e mundo que queremos. Temos que voltar ao exercício da filosofia, nem que seja para aplicar uma “simples” dinâmica de grupo.
Afinal, “filosofia da educação não é, pois, senão o estudo dos problemas que se referem à formação dos melhores hábitos mentais e morais em relação à dificuldades da vida social contemporânea”(TEIXEIRA, 1950, p.172).
ABSTRACT: The goal of this article is to analyze the use group dynamics through the philosophical foundations of John Dewey and David Kolb’s theory of Experiential Learning and its effectiveness to educational processes.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludoterapia. Petrópolis, RJ: Editora Vozes. 17a. Ed.
DEWEY, J. Democracia e educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1959.
DEWEY, J. Vida e educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1959.
KOLB, D. A. Experiential learning. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall. 1984.
PIAGET, J. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes. 1990.
PIAGET, J. Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem das relações espaciais. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
TEIXEIRA, A. Educação progressiva. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1950.
TEIXEIRA, A. A pedagogia de Dewey. In: col. Os Pensadores: Dewey. São Paulo:Abril Cultural.1980.
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[1] Todas as citações de David Kolb foram retiradas de seu livro e foram traduzidas por mim.
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Para citar este artigo copie as linhas abaixo:
ANA PAULA PACHECO E CHAVES. DINÂMICAS DE GRUPO: UMA CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA PARA UMA PRÁTICA BANALIZADA [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.educacaoonline.pro.br/art_di ... _grupo.asp (http://www.educacaoonline.pro.br/art_dinamicas_de_grupo.asp)
Capturado em 15/06/2005 00:17:57
Ana Paula Pacheco e Chaves (doutoranda)
Faculdade de Educação da UNESP – Marília
Bolsa CAPES
Introdução
Ao escrever este artigo, recorro a anos de experiência em situações pedagógicas nas quais meu mote tem sido o uso de dinâmicas de grupo como ferramenta essencial ao processo de aprendizado, principalmente de jovens e adultos. Despertada pela percepção recorrente da ausência total do uso de dinâmicas de grupo em contextos educacionais formais (universidade, escolas), pergunto-me o que tem contribuído para que tal prática, tão comum em processos educacionais sociais e empresariais, mantenha-se ainda tão longe das salas de aula.
Não hesito em dizer que o uso de dinâmica de grupo na maioria dos contextos educacionais em que presenciei sua aplicação é banalizado pelo uso inadequado, caracterizado principalmente, pela desvinculação do conhecimento teórico da função de dinâmicas de grupo no processo de aprendizagem e seu conseqüente isolamento de um planejamento pedagógico mais abrangente.
Este artigo tem como proposta fundamentar o uso de dinâmicas de grupo em bases teóricas mais sólidas de modo a poder demonstra seu potencial de uso como valiosa estratégia pedagógica em sala de aula. Para tanto, exploro aqui as idéias do filósofo John Dewey e de Anísio Teixeira e a proposta de Aprendizagem Experiencial de David Kolb[1].
Dinâmicas de Grupo
O trabalho com dinâmicas de grupo, ganhou espaço em treinamentos e processos de formação, a partir da contribuição de Kurt Lewin nos anos 40, iniciado com pesquisas realizados no campo do comportamento organizacional. Sua grande inovação foram os chamados “T-groups” (grupos de treinamento), através dos quais, entre outras características importantes do desenvolvimento de grupos, percebeu-se a importância de se refletir sobre a ação como meio de desenvolver conhecimento necessário para melhorar a atuação do indivíduo.
Hoje, as dinâmicas de grupo têm sido um dos principais instrumentos de treinamentos e processos educacionais, tanto em empresas como em instituições envolvidas com a área social. São atividades de curta duração, usadas como artifício para envolver e motivar pessoas a serem parte ativa de seu processo educacional. De caráter quase sempre lúdico, ou desafiador, capaz de recriar a realidade vivida externamente, as dinâmicas de grupo podem se tornar instrumentos poderosos de motivação para a mudança.
Basicamente são estas as características que definem uma dinâmica de grupo: atividades curtas que empregam alguma técnica específica, motivadoras, envolventes, cujos objetivos variam de “aquecimento” ou sensibilização de um grupo, aprendizado de alguma habilidade, reflexão sobre algum assunto, ou ainda mudança de atitude. Se por um lado a simplicidade desta definição caracteriza qualquer atividade com este caráter e um objetivo claro como dinâmica de grupo, por outro é esta simplicidade que tem tirado das dinâmicas de grupo o potencial de ferramenta pedagógica para deixá-las estar como instrumentos de uso encerrado em si mesmo, isolado do planejamento do processo de aprendizagem caracterizado pela “cognição na proporção em que seja cumulativa ou conduza a alguma coisa ou tenha significação” (DEWEY, 1959, p.153). A meu ver, portanto, banalizadas.
As técnicas de Dinâmica de Grupo, em qualquer de suas especificações, não devem ser aplicadas para criar um modelo novo ou diferenciado de ensino. Devem ser aplicadas quando se busca estabelecer em bases definitivas uma filosofia formativa que se pretende imprimir na escola ou empresa (...) não representa uma “poção mágica” capaz de educar pessoas e alterar comportamentos, mas somente uma estratégia educacional válida na medida em que se insere em todo um processo, com uma filosofia amplamente discutida e objetivos claramente delineados.(ANTUNES, 1999, p.17)
Por outro lado, o uso extensivo das dinâmicas, mesmo frente à crescente sofisticação e criatividade de sua implementação, revela três elementos integrados a seu caráter educativo:
1. seu uso primordial em situações de aprendizagem de jovens e adultos inseridos em grupo
2. a criação de uma situação que é amplamente vivenciada pelos participantes
3. a presença da ludicidade e do desafio como elementos motivadores da participação (e eventualmente da mudança)
Estes três elementos chamam atenção por irem de encontro às circunstâncias encontradas em sala de aula, principalmente do ensino médio, onde percebe-se ainda uma grande relutância em se mudar a dinâmica de ensino, por mais que os termos em voga (“construtivismo” é o atual) estejam presentes como conceitos a serem implantados na prática pedagógica. Mas, essa dinâmica de sala de aula (apesar de mudanças tais como sala ambiente) tem se chocado continuamente com o ritmo e a velocidade das informações e motivações fora dela. Desajuste este que se manifesta ainda mais fortemente na problemática atual em que se encontra o Ensino Médio, onde “a falta de clareza dos próprios objetivos é mais diretamente observável”. (Di Giorgi, memo)
Os novos Parâmetros Curriculares para o Ensino Médio (PCNEM) indicam também essa necessidade de mudança paradigmática do processo educacional:
Diante desse mundo globalizado, que apresenta múltiplos desafios para o homem, a educação surge como uma utopia necessária indispensável à humanidade na sua construção da paz, da liberdade e da justiça social(...) Considerando-se tal contexto, buscou-se construir novas alternativas de organização curricular para o Ensino Médio comprometidas, de um lado, com o novo significado do trabalho no contexto da globalização e, de outro, com o sujeito ativo, a pessoa humana que se apropriará desses conhecimentos para se aprimorar, como tal, no mundo do trabalho e na prática social. Há, portanto, necessidade de se romper com modelos tradicionais, para que se alcancem os objetivos propostos para o Ensino Médio.(MEC/PCNEM, 1996, p.14)
O grande trunfo das possibilidades do uso de dinâmicas de grupo em sala de aula é a oportunidade de se criar uma vivência lúdica e desafiadora com o grupo de alunos que, ao ser trabalhada a partir do plano de ensino, introduz gradualmente mudanças que geram a compreensão do funcionamento de um paradigma diferente sobre os quais o próprio professor, através de sua experiência, tem condições de generalizar para outros campos de sua didática, de modo a conseguir romper com os modelos tradicionais. Mas, para que o primeiro passo seja dado, há que se ter consciência sobre qual modelo teórico se sustenta a opção pela dinâmica de grupo.
Eu, particularmente, sempre que uso dinâmicas de grupo com o objetivo de galgar um degrau no processo de mudança almejado, uso como referencial teórico para o planejamento do processo educacional, a “Aprendizagem Experiencial”. A razão disto, além de ter adotado este paradigma como educadora, é o fato de que dinâmicas de grupo significam, em última instância, uma vivência que participantes de um grupo experimentam. E é esta experiência que inicia o processo de aprendizagem.
A Aprendizagem Experiencial
A aprendizagem experiencial estabelece um parâmetro para a análise e fortalecimento dos fatores que interligam o trabalho, o desenvolvimento pessoal e a educação (KOLB, 1984).
Baseada na tese (articulada primeiramente por L.S. Vigotski) de que “aprender pela experiência é o processo através do qual o desenvolvimento humano ocorre” (KOLB, 1984), esta perspectiva educacional é assim denominada para “vincular a proposta às origens intelectuais dos trabalhos de Dewey, Lewin e Piaget” - considerados por Kolb os construtores da base do aprendizado através da experiência - e “para enfatizar o papel central que a experiência tem no processo de aprendizado”.
As contribuições de Lewin, Piaget e Dewey, têm igual importância na constituição da aprendizagem experiencial. De cada um deles extraiu-se uma parte significativa para formar uma teoria educacional que considera o homem como um ser integrado à natureza, capaz de aprender de sua experiência e da reflexão consciente sobre ela, e motivado pelos seus propósitos.
A contribuição de Kurt Lewin vem de seu trabalho com dinâmicas de grupo e com o desenvolvimento metodologia de pesquisa ação. “O tema consistente em todo trabalho de Lewin era sua preocupação pela integração entre teoria e prática [...].”(KOLB, 1984,p.9), resumida em sua clássica frase: “Nada é tão prático como uma boa teoria”.
De Piaget, a aprendizagem experiencial emprestou a teoria do desenvolvimento cognitivo, através do qual a experiência permeia o processo dialético de assimilação e acomodação de conhecimento e aprendizado.
Dewey, dito filósofo pragmatista, via a experiência como um foco organizador da aprendizagem, fundamento ilustrado abaixo com a citação escolhida por Kolb para caracterizar a aprendizagem experiencial:
Se tenta-se formular a filosofia da educação implícita nas práticas da nova educação, eu acho que podemos descobrir alguns princípios comuns...À imposição vinda de cima opõem-se expressão e cultivo à individualidade; à disciplina externa, opõem-se atividade livre; ao aprendizado advindo de textos e professores, aprendizado através da experiência; à aquisição de práticas e técnicas isoladas pelo exercício, opõem-se a aquisição delas como meio para se atingir objetivos que têm apelo direto e vital; à preparação para um futuro mais ou menos remoto, opõem-se o fazer o máximo das oportunidade da vida presente; à metas estáticas e materiais, opõem-se aquisição em um mundo mutante(...).
Eu considero que a unidade fundamental da nova filosofia é encontrada na idéia de que há uma relação íntima e necessária entre os processos de experiência real e educação. (DEWEY apud KOLB, 1984, p.5)
Para Dewey ainda, a experiência é resultado da ação do homem sobre o ambiente, da qual surgem reações em que ambos saem modificados. Na medida em que o homem tem a capacidade de atribuir significado à experiência vivenciada, revendo-a e planejando seu futuro, está-se fazendo educação (TEIXEIRA, 1980).
Pode-se afirmar ainda, que se por um lado o processo de aprendizagem é individual na medida em que toda atividade educativa é uma “libertação de forças e tendências e impulsos existentes no indivíduo”, que são parte do “elemento de direção e de orientação da atividade” (TEIXEIRA, 1980, p.122), por outro “a vida social se perpetua por intermédio da educação”, na qual a comunicação e a transmissão tem papel fundamental na interrelação entre grupos: “toda a educação é social, sendo como é, uma conquista de um modo de agir comum. Nada se ensina, nem se aprende, senão através de uma compreensão comum ou de um uso comum”.(TEIXEIRA, 1980, p.117-120). O que significa que o equilíbrio entre estes dois processos conjuga duas forças elementares para o processo educacional.
O elemento comum a estes três autores, além da centralidade dada à experiência na educação, e no processo dialético entre ela e o pensar, está no pressuposto de que a aprendizagem é um processo ininterrupto ao longo da vida do indivíduo e que o seu desenvolvimento se faz através da experiência, mediante o direcionamento à um propósito específico.
Portanto, o que define a Aprendizagem Experiencial são princípios educacionais construídos mediante uma visão clara do ser humano que se quer formar e da função da educação neste processo. Resgatadas as afirmações feitas acima sobre os elementos principais da aprendizagem experiencial, temos na citação a seguir uma descrição desta teoria:
Isto diferencia a teoria do aprendizado experiencial de teorias racionalistas e outras teorias cognitivistas que tendem a dar ênfase primordial à aquisição, manipulação e uso de símbolos abstratos, e de teorias de aprendizado comportamentais que negam qualquer papel à consciência e à experiência subjetiva no processo de aprendizado. Deve-se enfatizar, no entanto, que o objetivo deste trabalho não é colocar a aprendizagem experiencial como uma terceira alternativa(...), mas sim sugerir, através da aprendizagem experiencial, uma perspectiva holística, integrativa que combina experiência, percepção, cognição e comportamento.(KOLB,1984, p.20)
A teoria na prática
O que isso nos diz para o uso de dinâmicas de grupo?
Sob o prisma da Aprendizagem Experiencial, eis como vejo a dinâmica de grupo:
1. A dinâmica de grupo é uma ferramenta através da qual se permite vivenciar uma experiência.
Uma situação simulada, desenvolvida para se criar experiências para aqueles que aprendem, serve para iniciar seu próprio processo de investigação e aprendizado.(KOLB, 1984, p.11)
Eis porque ao planejar o objetivo de aprendizagem que se pretende alcançar via uma dinâmica de grupo, requer que se escolha com cuidado qual o tipo de dinâmica que catapulta o processo de investigação e aprendizado conducentes ao propósito estipulado.
2. Ao se trabalhar em grupo, está-se criando a oportunidade de se exercitar a função social através de comunicação e troca, na medida em que exista pluralidade e diferenças a serem trabalhadas. Considerando-se a diversidade existente em uma sala de aula, pode-se dizer que ela é o ambiente ideal para as dinâmicas de grupo, uma vez que saiba se facilitar o processo de trabalhá-las.
3. A dinâmica de grupo trabalha também no nível de motivação individual, na medida em que os participantes vivenciam uma atividade. Tendo condições de ser “uma resposta a estímulos específicos ou gerais, nascidos do próprio organismo e do meio ambiente em que o indivíduo vive”, e contendo o potencial de “ libertação de forças e tendências e impulsos existentes no indivíduo, e por ele mesmo trabalhados e exercitados, e, portanto dirigidos” (DEWEY apud ANÍSIO TEIXEIRA, 1959, p.15-22), ela se torna uma atividade educativa - desde contextualizada no propósito educacional definido por meio de objetivos que consideram as necessidades e a identidade do grupo de participantes. Como ilustra Dewey, no exemplo a seguir:
O menino que empina um papagaio tem de conservar o olhar fixo neste e de notar as variações de pressão do fio em sua mão. Seus sentidos são avenidas para os conhecimentos, não porque os fatos exteriores sejam de certo modo veiculados para o cérebro, e sim por serem usados para fazer alguma coisa com determinado objetivo. As qualidades das coisas vistas e sentidas têm alcance sobre o que está fazendo e são, por isso mesmo, vivamente percebidas; possuem uma significação, possuem sentido.(DEWEY, 1959, p.155).
4. Cabe à dinâmica de grupo extrair da realidade o ambiente “onde exista tensão dialética entre a experiência concreta e imediata e o distanciamento analítico” – uma vez que o aprendizado é melhor facilitado por este ambiente” (KOLB, 1984, p. 22) - para recriá-lo através da atividade proposta, dando significado ao objetivo de seu uso.
5. O processo de aprendizado estimulado pela dinâmica de grupo, para ser efetivamente considerado educacional, tem que culminar na atribuição de significado à experiência vivenciada, de modo a revê-la no contexto real e planejar o futuro dentro da realidade do grupo. Ou seja, uma vez considerando as necessidades do grupo participante, o resultado da aplicação da dinâmica de grupo tem que acrescentar à realidade do aluno, tem que carregar uma semente de mudança a ser refletida numa prática diferenciada:
“Aprender da experiência” é fazer uma associação retrospectiva e prospectiva entre aquilo que fazemos às coisas e aquilo que em conseqüência essas coisas nos fazem gozar ou sofrer. Em tais condições a ação torna-se uma tentativa; experimenta-se o mundo para se saber como ele é; o que se sofrer em conseqüência torna-se instrução – isto é, a descoberta das relações entre as coisas. Disto decorrem duas conclusões importantes para a educação. 1) A experiência é, primariamente, uma ação ativo-passiva; não é, primariamente, cognitiva. Mas 2) a medida do valor de uma experiência reside na percepção das relações ou continuidades a que nos conduz. Ela inclui a cognição na proporção em que seja cumulativa ou conduza a alguma coisa ou tenha significação.(DEWEY,1959, p.153)
6. A dinâmica de grupo pode contribuir para o exercício das operações formais na medida em que ao analisar a experiência e generalizá-la para outros contextos (ver Ciclo da Aprendizagem Experiencial logo abaixo), as operações se libertam da duração, ou seja, de fato, “do contexto psicológico das ações do sujeito, com o que elas comportam de dimensão causal, além de suas propriedades implicativas ou lógicas”, para atingir finalmente um caráter extemporâneo (PIAGET, 1990, p.45).
Fazendo-se então o exercício de abstração e reflexão sobre a realidade de modo a se criar oportunidades de mudanças de atitude significativas, valoriza-se o potencial desta estratégia educacional e a oportunidade de aprendizado. Este exercício tem maior eficiência e resultado educativo (no sentido de produção de conhecimento), com crianças nesta fase de desenvolvimento (segundo Piaget, a partir dos 11 anos). Nota-se ainda, que o planejamento detalhado e exato das metas que se quer atingir com a aplicação da dinâmica deve ser elaborado cuidadosamente.
Outro elemento crucial deste processo pedagógico é o papel do professor como facilitador da atribuição de significado e planejamento de futuro resultantes da aplicação da dinâmica. Como facilitador do processo, o professor tem a responsabilidade de um planejamento coerente com seu plano de ensino; a aplicação da dinâmica de forma a envolver todos os participantes na atividade sem qualquer coação (dica: se alguém se recusa a participar, pode auxiliar como observador. Vivenciar a experiência não deve ser nunca um processo traumático, ainda mais numa sala de aula); e a condução do processo até o resultado almejado (através de perguntas abertas é uma das maneiras mais simples e eficientes de se conduzir o processo). Não cabe a ele, de forma alguma a interpretação da experiência vivenciada pelos alunos (um grande sinal de alerta neste momento: a função da dinâmica em um processo de aprendizado escolar não deve nunca estar associada a qualquer tentativa de “psicologização” do grupo ou de indivíduos participantes nele).
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial elaborado por Kolb, modela bastante bem essa base contextual descrita acima. Eu o uso como estrutura básica para o planejamento de qualquer processo educacional iniciado com uma dinâmica de grupo.
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial
O Ciclo de Aprendizagem Experiencial tem quatro “estágios” iniciados a partir da experiência e desenvolvido através de um movimento dialético entre experiência e análise.
A certeza que tanto Dewey quanto Kolb encontram na aprendizagem experiencial, está baseada na crença da força transformativa que tem este processo cíclico. O que Kolb fez portanto, foi determinar quais são os pontos cruciais para se fechar o ciclo e se poder intervir na realidade de forma diferente, integrando processos opostos para transformar o “impulso cego” em “propósito maturo”. (KOLB, 1984, p.38). Ou como diz Dewey, é a mistura entre desejo e impulso para se adquirir força que direciona o que de outro modo é cego [...].(DEWEY apud KOLB, 1984)
Uma vez determinado o objetivo do uso da dinâmica de grupo e com o desenho desta feito sob medida para alcançar este objetivo, ela é aplicada, dando-se início ao processo de aprendizado tido como “um processo dialético integrando experiência e conceitos, observações e ação”(KOLB, 1984,p.22).
O ciclo (Kolb, 1984, p.42) de Aprendizagem Experiencial se inicia com a EXPERIÊNCIA CONCRETA, no caso, com a aplicação da atividade dinâmica escolhida. Exemplos de atividades que podem constituir a dinâmica de grupo vão desde a leitura de um conto, uma peça de teatro, um jogo, até uma simulação bem elaborada. O essencial é que a atividade contenha os elementos alinhados com o objetivo pedagógico planejado. Num segundo momento, dá-se a OBSERVAÇÃO REFLEXIVA. Este é o momento em que o que se quer é que os participantes façam observações, exclamações, afirmações, enfim, que se expressem suas impressões e sentimentos sobre o que vivenciaram. É o reflexo da experiência que se quer ver, sem qualquer interrupção ou filtro. Enquanto no primeiro momento há espaço para a manifestação natural do lado afetivo do indivíduo, num segundo momento, está-se descrevendo o que foi vivido. É só no terceiro momento, CONCEITUALIZAÇÃO ABSTRATA, que dá-se início a um processo racional de abstração, quando se começa a conceituar as observações realizadas e dar-lhes significação a partir, não mais apenas da dinâmica de grupo, mas sim da experiência individual ou de grupo que se viu refletida na dinâmica.
Até este momento, tem-se a assimilação do conhecimento. A partir daqui, quando a experiência é apreendida e transformada em extensão do aprendizado, está-se criando meios para que o conhecimento se acomode. Os hesmisférios direito e esquerdo do cérebro, que correspondem diretamente à distinção entre as abordagens experienciais concretas e cognitivas abstratas do aprendizado são utilizados nestas três primeiras fases do ciclo. O último passo no ciclo de aprendizagem experiencial, é a chamada EXPERIMENTAÇÃO ATIVA, que nada mais é do que a elaboração de alternativas de mudanças que possam subsidiar uma nova experiência, o planejamento de futuro. E aí se recomeça o ciclo com a nova experiência.
A idéia central aqui, é que o aprendizado, e consequentemente, o conhecimento requerem tanto uma apreensão como uma representação figurativa da experiência e uma transformação desta representação. A apreensão figurativa ou a transformação operativa por si só não são suficientes. A simples percepção da experiência não é suficiente para aprender; algo deve ser feito com ela. Similarmente, a transformação por si só não representa o aprendizado, deve existir algo a ser transformado, algum estado ou experiência sobre o qual se está agindo. (KOLB, 1984, p.42)
Assim como Kolb, Dewey ressalta a importância de se extrair do processo de aprendizado a teorização. Este ponto é extremamente importante de se ressaltar, pois ele praticamente inexiste no trabalho com dinâmicas de grupo. É como se houvesse uma idéia (distorcida) de que “experiencial” exclui teoria. É neste ponto que se estampa a banalização do uso de dinâmicas de grupo e se tira dela a força da aprendizagem. Portanto, reitero este ponto: aprendizagem experiencial, e portanto o uso das dinâmicas de grupo podem e devem ter produtos teóricos se querem ter solidez educativa. A teoria é a estruturação e organização do aprendizado prático, enriquecido como o ato de pensar e “pensar é o esforço intencional para descobrir as relações específicas entre uma coisa que fazemos e a conseqüência que resulta, do modo a haver continuidade entre ambas...Pensar equivale, assim a patentear, a tornar explícito o elemento inteligível de nossa experiência. (DEWEY, 1959, p.159)
O pensamento ou a reflexão,(...) é o discernimento da relação entre aquilo que tentamos fazer e o que sucede em conseqüência. Sem algum elemento intelectual não é possível nenhuma experiência significativa(...) Na descoberta minuciosa das relações entre os nossos atos e o que acontece em conseqüência deles, surge o elemento intelectual que não se manifestara nas experiências de tentativa e erro. À medida que se manifesta esse elemento aumenta proporcionalmente o valor da experiência. Com isto, muda-se a qualidade desta; a mudança é tão significativa, que poderemos chamar reflexiva esta espécie de experiência – isto é, reflexiva por excelência. (DEWEY, 1959, p.158-159).
Este caráter do pensar está contido na proposta que descrição que Dewey faz da “experiência reflexiva”, ao meu ver, o resumo do ciclo de aprendizagem experiencial proposto por Kolb:
Isto é o que se refere aos aspectos gerais de uma experiência reflexiva: 1) perplexidade, confusão e dúvida, devidas ao fato de que a pessoa está envolvida em uma situação incompleta cujo caráter não ficou plenamente determinado ainda; 2) uma previsão conjetural – uma tentativa de interpretação dos elementos dados, atribuindo-lhes uma tendência para produzir certas conseqüências; 3) um cuidadoso exame (observação, inspeção, exploração, análise) de todas as considerações possíveis que definam e esclareçam o problema a resolver; 4) a conseqüente elaboração de uma tentativa de hipótese para torná-lo mais preciso e mais coerente, harmonizando-se com uma série maior de circunstâncias; 5) tomar como base a hipótese concebida, para o plano de ação aplicável ao existente estados de coisas; fazer alguma coisa para produzir o resultado previsto e por esse modo por em prova a hipótese (...) [os dois últimos] tornam o ato de pensar em uma experiência. (DEWEY, 1959, p.165)
Não há como deixar de lembrar que já dizia Bourdieu, em uma de suas entrevistas, que a “análise reflexiva” é a única capaz de romper com o determinismo do habitus, matriz de disposições que controla nosso comportamento social por via inconsciente. É a chance dada ao “caráter [que] não ficou plenamente determinado ainda”, e que portanto, ainda traz em si a possibilidade da mudança.
Penso também que este mesmo processo pode ser analisado sob a teoria da abstração reflexionante e empírica analisadas por Piaget, visto que as dinâmicas de grupo, ao acompanharem a “evolução” dos quatro estágios do ciclo, têm o potencial de fechar um ciclo de aprendizagem, então reiniciado com a implantação de mudanças na nova experiência. Quando bem planejado o processo pode-se chegar ao seguinte estágio descrito por Piaget:
A abstração reflexionante já é, por si mesma, uma espécie de operação que retira certas coordenações de seu contexto, retendo-as, e descartando o restante. A abstração empírica também o é, em certo sentido, porém em menor grau, porquanto se limita a escolher, dentre os observáveis perceptíveis, aqueles que respondem a uma dada questão, ao passo que a abstração reflexionante comporta uma atividade contínua, que pode permanecer inconsciente [...]. O primeiro resultado das abstrações reflexionantes é, portanto, acarretar, seja a diferenciação de um esquema de coordenação para aplicá-lo de maneira nova, o que aumenta os poderes do sujeito [...], seja a “objetivação” de um processo coordenador que se torna, então, objeto de representação ou de pensamento, o que aumenta os conhecimentos do sujeito, alargando o campo de sua consciência e enriquecendo, portanto sua conceituação.(PIAGET, 1995, p.278)
Voltando à proposta do PCNEM, vemos que as dinâmicas de grupo, sustentadas pela teoria da Aprendizagem Experiencial, podem ajudar os professores a darem os primeiros passos no aprendizado (através da experiência!) de novos modelos, para que se chegue eventualmente ao ideal que se deseja de “que os estudantes desenvolvam competências básicas que lhes permitam desenvolver a capacidade de continuar aprendendo” (PCNEM, 1996, p.14). E eu acho realmente, que o exercício da abstração reflexionante é um dos mais importantes neste processo.
O uso das dinâmicas de grupo é apenas um pequeno exemplo prático desenvolvido a partir de alguns anos de prática de campo que indica uma demanda da atual realidade educacional do Brasil: se quisermos alcançar mudanças paradigmáticas através da educação, temos que nos dedicar à análise reflexiva (advinda de nossa experiência!) desde o momento de propor uma dinâmica educacional até o momento em que estivermos intervindo, com nossa proposta, nas mudanças para o ideal de homem e mundo que queremos. Temos que voltar ao exercício da filosofia, nem que seja para aplicar uma “simples” dinâmica de grupo.
Afinal, “filosofia da educação não é, pois, senão o estudo dos problemas que se referem à formação dos melhores hábitos mentais e morais em relação à dificuldades da vida social contemporânea”(TEIXEIRA, 1950, p.172).
ABSTRACT: The goal of this article is to analyze the use group dynamics through the philosophical foundations of John Dewey and David Kolb’s theory of Experiential Learning and its effectiveness to educational processes.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
ANTUNES, C. Manual de técnicas de dinâmica de grupo de sensibilização de ludoterapia. Petrópolis, RJ: Editora Vozes. 17a. Ed.
DEWEY, J. Democracia e educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1959.
DEWEY, J. Vida e educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1959.
KOLB, D. A. Experiential learning. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall. 1984.
PIAGET, J. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes. 1990.
PIAGET, J. Abstração reflexionante: relações lógico-aritméticas e ordem das relações espaciais. Porto Alegre: Artes Médicas. 1995.
TEIXEIRA, A. Educação progressiva. São Paulo. Companhia Editora Nacional, 1950.
TEIXEIRA, A. A pedagogia de Dewey. In: col. Os Pensadores: Dewey. São Paulo:Abril Cultural.1980.
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[1] Todas as citações de David Kolb foram retiradas de seu livro e foram traduzidas por mim.
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Para citar este artigo copie as linhas abaixo:
ANA PAULA PACHECO E CHAVES. DINÂMICAS DE GRUPO: UMA CONTRIBUIÇÃO TEÓRICA PARA UMA PRÁTICA BANALIZADA [online]
Disponível na internet via WWW URL: http://www.educacaoonline.pro.br/art_di ... _grupo.asp (http://www.educacaoonline.pro.br/art_dinamicas_de_grupo.asp)
Capturado em 15/06/2005 00:17:57