Raquel_Pereira
28-05-04, 09:39 AM
A latinha de leite
Dois irmãozinhos maltrapilhos provenientes da favela - um deles de cinco anos e outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro.
Estavam famintos: "vai trabalhar e não amole", ouvia-se detrás das portas; "aqui não há nada moleque...", dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças...
Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes: "Vou ver se tenho alguma coisa pra vocês... coitadinhos!" E voltou com uma latinha de leite. Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos "você é mais velho, tome primeiro..." e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua.
Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino! Levou a lata à boca, e fazendo gesto de beber, apertou fortemente os lábios para que por eles não penetrasse uma só gota de leite.
Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: "Agora é sua vez. Só um pouco." E o irmãozinho, dando um grande gole exclama: "como está gostoso!' "Agora eu", diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe nada.
"Agora eu", "Agora você", "Agora eu"... E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo... ele sozinho.
Esse "agora você", "agora eu" encheram-me os olhos de lágrimas...E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, sambar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio, mas o coração transbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias, sem dar-lhes maior importância.
Autor: Desconhecido.
Dois irmãozinhos maltrapilhos provenientes da favela - um deles de cinco anos e outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o morro.
Estavam famintos: "vai trabalhar e não amole", ouvia-se detrás das portas; "aqui não há nada moleque...", dizia outro... As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças...
Por fim, uma senhora muito atenta disse-lhes: "Vou ver se tenho alguma coisa pra vocês... coitadinhos!" E voltou com uma latinha de leite. Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos "você é mais velho, tome primeiro..." e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca semi-aberta, mexendo a ponta da língua.
Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado para o pequenino! Levou a lata à boca, e fazendo gesto de beber, apertou fortemente os lábios para que por eles não penetrasse uma só gota de leite.
Depois, estendendo a lata, diz ao irmão: "Agora é sua vez. Só um pouco." E o irmãozinho, dando um grande gole exclama: "como está gostoso!' "Agora eu", diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe nada.
"Agora eu", "Agora você", "Agora eu"... E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado, barrigudinho, com a camisa de fora, esgota o leite todo... ele sozinho.
Esse "agora você", "agora eu" encheram-me os olhos de lágrimas...E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a cantar, sambar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio, mas o coração transbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer coisas extraordinárias, sem dar-lhes maior importância.
Autor: Desconhecido.