Valmir Nascimento
06-05-05, 09:44 AM
QUAL A RELIGIÃO DE DEUS?
Por: Valmir Nascimento Milomem Santos
O que é, o que é? Maior do que Deus; mais maligno que o diabo; financeiramente os milionários precisam e se você comer, certamente morrerá.
Foi com essa pergunta que iniciei recente aula da Escola Dominical. Meus alunos, ávidos jovens que adoram um desafio, acomodaram-se em seus assentos, fixaram suas atenções e pediram para refazer a pergunta. Refeita a indagação, colocaram-se a imaginar a solução do enigma; cuja resposta somente obtiveram após o término da aula.
Os alunos para quem leciono, seja na educação dominical ou em trabalhos de instrução empresarial, já estão acostumados com a quantidade de indagações que a eles sãos dirigidas. Afinal, creio eu, professor/instrutor não é aquele que sabe somente responder as indagações que lhes sãos destinadas, mas, sobretudo, aquele que é capaz de habilitar o aluno a formular as perguntas e partir em busca das respostas. Um processo que deve despertar a curiosidade dos aprendizes e com isso motivá-los ao questionamento e à pesquisa.
Em referência à educação cristã, entretanto, fatores outros devem ser levados em consideração. Eis que, nesse caso, mais que encher os alunos de informação ou fazê-los refletir sobre o cristianismo, necessário se faz formar cristãos conscientes acerca da realidade do reino, comprometidos com as Palavras de Cristo. Assim, mais importante que informar, é formar cidadãos!
Entanto, a realidade brasileira é outra. Crescemos sob a égide de um processo de ensino/aprendizagem erroneamente construído. A professora pergunta: Quem descobriu o Brasil? E as crianças em uníssona voz respondem: Pedro Álvares Cabral, fessora! Quantos são dois mais dois? Em coro os pupilos devolvem: Quatro, tia!
Acostumamo-nos à didática do “decoreba”, onde as perguntas e as respostas vêm prontas e acabadas em forma de cardápio aos alunos. Bastando, a esses, a simples tarefa de guardá-las em suas cacholas e de lá retirá-las quando necessário. Somos amarrados aos conceitos, trancafiados com as definições e por fim, encadeados junto às fórmulas.
O ensino cristão também tem seguido esse mesmo molde. Aulas são ministradas no sentido de se falar sobre a Trindade, sobre doutrinas bíblicas e até mesmo acerca das características de Deus. Didática e teologicamente dividimos o plano de ensino em ramos; utilizamos termos sofisticados para nos referirmos à divindade; empregamos conceitos mirabolantes; desenvolvemos técnicas de exegese e hermenêutica; criamos regras de definições e depois, colocamos tudo isso dentro de um dicionário “teológico”.
Com isso, decoramos que Deus é o Criador Soberano que rege todas as coisas, o qual fez o mundo em sete dias. Aprendemos que Deus é Onipresente, Onisciente, Onipotente, Santo, Misericordioso, Amoroso, etc. “Acorrentamos” Deus aos conceitos e às fórmulas religiosas. “Limitamos” seus atos àquilo que sabemos e conhecemos. Assim, caso uma pergunta efetuada esteja fora do nosso cardápio, aí a coisa complica.
Um questionamento
Foi com esse problema em mente que dirigi a segunda pergunta do dia aos alunos: Deus é evangélico?
Questionamento como esse pode parecer tolo, porém, serve para despertar a atenção do aluno e fazê-lo repensar os conceitos até então vigentes. Professores que sempre perguntam e ensinam a mesma coisa tornam o processo educacional completamente enfadonho e cansativo. Os alunos, com o passar dos tempos, já saberão o que o professor vai falar ou responder sobre determinado assunto. As aulas são repetitivas, conservadores e improdutivas.
Ao ecoar da pergunta os alunos ficaram perplexos. Arregalaram os olhos, trancaram as “matraquinhas” e novamente ajeitaram-se em seus assentos. Estavam eles diante de um – aparente - dilema.
Alguns alunos olhavam para o teto da igreja fazendo parecer que a pergunta não fora destinada a ele. Outros, aceleradamente folheavam suas bíblias na busca por uma resposta. Ainda aqueles que respiravam ofegantes à espera da resposta salvadora.
Após um curto período de “gritante” silêncio, ecoou pelo espaço a voz de um dos alunos:
- Dizer que Deus é evangélico, é o mesmo que dizer que Deus é brasileiro!
Esperto, o aluno encerrou sua participação. Não queira se comprometer com as suas declarações. A sua fala iria até esse ponto. Sua resposta saia pela tangente, é claro, porém, suas nuanças já eram suficientes para responder o questionamento.
Deus é!
Nesse momento, lembrei aos alunos acerca do episódio em que Deus dá a ordem a Moises para que esse vá até Faraó requerer a libertação do povo hebreu. Essa foi a pergunta de Moisés: “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vosso pais me enviou a vós; e ele me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhe direi?” Ex. 3:13. Qual foi a resposta de Deus: “Assim dirás aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vós." v. 14.
Sem entrar no mérito do termo hebraico utilizado na época, devemos reconhecer que é completamente estranho Moisés anunciar aos Hebreus que o “Eu Sou” o havia enviado para libertá-los. A primeiro pergunta que fariam era: Eu sou o quê? Afinal, não é necessário ser nenhum especialista em gramática para saber que o verbo SER, na frase me questão, é um verbo transitivo; ou seja, precisa de um complemento. Assim, por exemplo, acaso eu diga para alguém: “Eu sou”, devo necessariamente complementar a frase com algo do tipo: “Eu sou cristão”, “Eu sou brasileiro”. Enfim, a frase “Eu Sou” simplesmente está incompleta.
Em relação a Deus, porém, as normas gramaticais não prevalecem. Afinal, Deus é! Ele não precisa qualquer tipo de complemento, pouco importando se o verbo é ou não transitivo. Assim, Deus não é evangélico; Deus não é católico; Deus não é brasileiro; Deus não é italiano; Ele simplesmente é! Ele é o que é!
É por isso, que a resposta para o enigma proposto no inicio desse artigo é a primeira palavra do versículo que está em Filipenses 2:3.
Valmir Nascimento
E-mail: valmir@milomem .cjb.net
Por: Valmir Nascimento Milomem Santos
O que é, o que é? Maior do que Deus; mais maligno que o diabo; financeiramente os milionários precisam e se você comer, certamente morrerá.
Foi com essa pergunta que iniciei recente aula da Escola Dominical. Meus alunos, ávidos jovens que adoram um desafio, acomodaram-se em seus assentos, fixaram suas atenções e pediram para refazer a pergunta. Refeita a indagação, colocaram-se a imaginar a solução do enigma; cuja resposta somente obtiveram após o término da aula.
Os alunos para quem leciono, seja na educação dominical ou em trabalhos de instrução empresarial, já estão acostumados com a quantidade de indagações que a eles sãos dirigidas. Afinal, creio eu, professor/instrutor não é aquele que sabe somente responder as indagações que lhes sãos destinadas, mas, sobretudo, aquele que é capaz de habilitar o aluno a formular as perguntas e partir em busca das respostas. Um processo que deve despertar a curiosidade dos aprendizes e com isso motivá-los ao questionamento e à pesquisa.
Em referência à educação cristã, entretanto, fatores outros devem ser levados em consideração. Eis que, nesse caso, mais que encher os alunos de informação ou fazê-los refletir sobre o cristianismo, necessário se faz formar cristãos conscientes acerca da realidade do reino, comprometidos com as Palavras de Cristo. Assim, mais importante que informar, é formar cidadãos!
Entanto, a realidade brasileira é outra. Crescemos sob a égide de um processo de ensino/aprendizagem erroneamente construído. A professora pergunta: Quem descobriu o Brasil? E as crianças em uníssona voz respondem: Pedro Álvares Cabral, fessora! Quantos são dois mais dois? Em coro os pupilos devolvem: Quatro, tia!
Acostumamo-nos à didática do “decoreba”, onde as perguntas e as respostas vêm prontas e acabadas em forma de cardápio aos alunos. Bastando, a esses, a simples tarefa de guardá-las em suas cacholas e de lá retirá-las quando necessário. Somos amarrados aos conceitos, trancafiados com as definições e por fim, encadeados junto às fórmulas.
O ensino cristão também tem seguido esse mesmo molde. Aulas são ministradas no sentido de se falar sobre a Trindade, sobre doutrinas bíblicas e até mesmo acerca das características de Deus. Didática e teologicamente dividimos o plano de ensino em ramos; utilizamos termos sofisticados para nos referirmos à divindade; empregamos conceitos mirabolantes; desenvolvemos técnicas de exegese e hermenêutica; criamos regras de definições e depois, colocamos tudo isso dentro de um dicionário “teológico”.
Com isso, decoramos que Deus é o Criador Soberano que rege todas as coisas, o qual fez o mundo em sete dias. Aprendemos que Deus é Onipresente, Onisciente, Onipotente, Santo, Misericordioso, Amoroso, etc. “Acorrentamos” Deus aos conceitos e às fórmulas religiosas. “Limitamos” seus atos àquilo que sabemos e conhecemos. Assim, caso uma pergunta efetuada esteja fora do nosso cardápio, aí a coisa complica.
Um questionamento
Foi com esse problema em mente que dirigi a segunda pergunta do dia aos alunos: Deus é evangélico?
Questionamento como esse pode parecer tolo, porém, serve para despertar a atenção do aluno e fazê-lo repensar os conceitos até então vigentes. Professores que sempre perguntam e ensinam a mesma coisa tornam o processo educacional completamente enfadonho e cansativo. Os alunos, com o passar dos tempos, já saberão o que o professor vai falar ou responder sobre determinado assunto. As aulas são repetitivas, conservadores e improdutivas.
Ao ecoar da pergunta os alunos ficaram perplexos. Arregalaram os olhos, trancaram as “matraquinhas” e novamente ajeitaram-se em seus assentos. Estavam eles diante de um – aparente - dilema.
Alguns alunos olhavam para o teto da igreja fazendo parecer que a pergunta não fora destinada a ele. Outros, aceleradamente folheavam suas bíblias na busca por uma resposta. Ainda aqueles que respiravam ofegantes à espera da resposta salvadora.
Após um curto período de “gritante” silêncio, ecoou pelo espaço a voz de um dos alunos:
- Dizer que Deus é evangélico, é o mesmo que dizer que Deus é brasileiro!
Esperto, o aluno encerrou sua participação. Não queira se comprometer com as suas declarações. A sua fala iria até esse ponto. Sua resposta saia pela tangente, é claro, porém, suas nuanças já eram suficientes para responder o questionamento.
Deus é!
Nesse momento, lembrei aos alunos acerca do episódio em que Deus dá a ordem a Moises para que esse vá até Faraó requerer a libertação do povo hebreu. Essa foi a pergunta de Moisés: “Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vosso pais me enviou a vós; e ele me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhe direi?” Ex. 3:13. Qual foi a resposta de Deus: “Assim dirás aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vós." v. 14.
Sem entrar no mérito do termo hebraico utilizado na época, devemos reconhecer que é completamente estranho Moisés anunciar aos Hebreus que o “Eu Sou” o havia enviado para libertá-los. A primeiro pergunta que fariam era: Eu sou o quê? Afinal, não é necessário ser nenhum especialista em gramática para saber que o verbo SER, na frase me questão, é um verbo transitivo; ou seja, precisa de um complemento. Assim, por exemplo, acaso eu diga para alguém: “Eu sou”, devo necessariamente complementar a frase com algo do tipo: “Eu sou cristão”, “Eu sou brasileiro”. Enfim, a frase “Eu Sou” simplesmente está incompleta.
Em relação a Deus, porém, as normas gramaticais não prevalecem. Afinal, Deus é! Ele não precisa qualquer tipo de complemento, pouco importando se o verbo é ou não transitivo. Assim, Deus não é evangélico; Deus não é católico; Deus não é brasileiro; Deus não é italiano; Ele simplesmente é! Ele é o que é!
É por isso, que a resposta para o enigma proposto no inicio desse artigo é a primeira palavra do versículo que está em Filipenses 2:3.
Valmir Nascimento
E-mail: valmir@milomem .cjb.net