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Valmir Nascimento
03-07-04, 11:31 AM
A CONTRIBUIÇÃO DO DOCENTE CRISTÃO NA ÁREA SECULAR

Entre os profissionais que atuam na sociedade organizada, o que mais influencia na formação do caráter das pessoas é o professor, pois ele pode trabalhar de 20 até mais de 40 horas em uma posição de autoridade e de liderança, sobre indivíduos que dependem diretamente dele. Por isso, a criança, o adolescente e o jovem ouvem mais seus professores que propriamente seus pais.
Nesse sentido, qualquer que seja o nível em que o docente atue, ele tem inúmeras oportunidades de agir e influir sobre seus alunos, inclusive, é um formador de opinião. Logo, se o educador for cristão, Deus poderá contar com um grande agente de difusão dos valores eternos em um contexto secular amplo e fertilíssimo.
Daremos maior ênfase, nesse estudo, na contribuição do mestre cristão dentro da sala de aula, a partir dos seguintes tópicos:
1. As contribuições que o docente cristão pode oferecer.
2. O conceito de educação pressupõe uma contribuição que ultrapassa o mero conteúdo programático.
3. Razões para docente cristão contribuir na área secular.
4. Dificuldades encontradas pelo docente cristão para influenciar seus interlocutores com os valores espirituais.
5. Os requisitos que o docente cristão deve desenvolver para poder contribuir na área secular através do evangelho.
6. Dificuldades encontradas pelo docente cristão para influenciar seus interlocutores com os valores espirituais.
7. estratégias contribuidoras do educador cristão.
8. recompensas ao docente que influencia a área secular com sua postura cristã.
I. AS CONTRIBUIÇÕES QUE O DOCENTE CRISTÃO PODE OFERECER.
Quando um professor é efetivado ou contratado para lecionar determinada disciplina, o conteúdo prioritário que ele deve ministrar, seriamente, é o de sua matéria (Língua Portuguesa/ Língua Estrangeira/ Matemática/ História/ Geografia/ Física/ Química, etc.) e não falar propriamente de Deus; a menos que seja um professor de Educação Religiosa.
Assim, apesar de sabermos que o “conteúdo” vida eterna seja o mais importante que alguém possa receber, devemos ser éticos para não nos chocar com nossa postura enquanto profissionais. Entretanto, apesar de, (por força da ética profissional), expormos acessoriamente os valores eternos em nossas aulas o Espírito Santo se encarrega de priorizar essas verdades no coração do ouvinte.
Dessa forma, vale lembrar o sentido da expressão central de nosso tema, ou seja, “contribuição”. Esse vocábulo pressupõe “concorrer com outrem nos meios para a realização de algo”; também significa “cooperar”; “colaborar”; e “ter parte em um resultado”. Vê-se assim, o aspecto de ser uma ação concorrente, (paralela a outra), apesar de extremamente valiosa.
Dessa forma, podemos citar adiante algumas contribuições que o educador crente pode oferecer no contexto secular:
1. Contribuições “Implícitas”:
a. estimular educandos e outros educadores a buscarem respostas às questões vitais, pra que possam encontrar o sentido profundo e radical da existência;
b. favorecer o desenvolvimento de uma integração, uma harmonia do ser humano consigo mesmo, com os outros, com o mundo e com Deus;
c. o desenvolvimento e a formação da pessoa humana no seu todo: intuitivo, consciente, crítico, comunitário, participativo, comprometido com a realidade social, política e econômica, ou seja, com a vida, como agente da história e construtor de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária;
d. incentivar a vivência de valores que favoreçam as relações interpessoais mais humanas e fraternas;
e. ajudar a pessoa humana a encontrar-se consigo mesma, comprometer-se com a sociedade e a conscientizar-se de ser parte de um todo;
f. ajudar as pessoas a interpretarem em profundidade as suas experiências.
(Currículo Básico para a Escola Pública do Estado Paraná - Disciplina de Educação Religiosa, 1992).
2. Contribuições “Explícitas”
Apesar de serem ostensivas as contribuições que se seguem devem ser feitas, com prudência e seguindo os requisitos que veremos adiante, a fim de que o Evangelho não seja escandalizado e o educador cristão não venha ser prejudicado profissionalmente:
a. mostrar o quanto Deus ama a humanidade, que é um Deus pessoal e interessa-se em ter uma relação pessoal com o homem.
b. levar o interlocutor a se conscientizar que o maior problema do ser humano é o pecado;
c. conscientizar nosso próximo que toda pessoa é pecadora e precisa de arrepender-se genuinamente e abandonar o pecado;
d. mostrar àqueles que contatam conosco que Jesus é o único meio e caminho para a salvação;
e. conduzir o interlocutor a uma igreja evangélica séria.
3. Ambientes nos quais o docente cristão pode contribuir:
a. na sala de aula;
b. no pátio;
c. na sala dos professores;
d. junto à direção da escola;
e. junto à equipe pedagógica;
f. no bairro em que mora;
g. na sociedade como um todo.
II. O CONCEITO DE EDUCAÇÃO PRESSUPÕE UMA CONTRIBUIÇÃO QUE ULTRAPASSA O MERO CONTEÚDO PROGRAMÁTICO.
1. A etimologia de “educação”
Na etimologia da palavra educação não há um perfeito acordo entre os filólogos. Uns a fazem derivar do verbo educare, que significa “criar”, “alimentar”. E outros de um verbo mais antigo: educere, composto da preposição ex, que significa “direção para fora”, e do verbo ducere, conduzir, significando em conseqüência “tirar de dentro para fora”.
Alguns vêem na existência desta dupla origem dois conceitos distintos e dispares de educação. Assim, Herbart considera que o que se propõe a educação é introduzir materiais no educando, “alimento” que é preciso dar ao espírito para que se desenvolva. Por outro lado, Pestalozzi afirma que a única coisa que o educador tem que conseguir é desenvolver os germens que já se encontram no educando. (BUCHON, C. SANCHEZ, Pedagogia - Instituição Teresiana do Rio de Janeiro, 1958).
2. Os dois movimentos que constituem a educação
Apesar das significações etimológicas acima aparentarem uma falta de conciliação, unem-se e completam-se para dizer-nos que a educação se acha constituída por dois movimentos: um de dentro para fora - desenvolvimento - que é essencial ao processo, o que produz o amadurecimento ou perfeição da pessoa, mas que necessita, para produzir-se, de outro movimento, de fora para dentro. Dito de outra maneira é preciso alimentar com meios tanto naturais como sobrenaturais, ao sujeito educando para que se desenvolva e alcance o ideal humano que lhe impôs Deus (apesar de parte dos educadores contaminados pela secularização não admitirem isso).
3. A contribuição do educador cristão deve ultrapassar a exposição do conteúdo programático.
Obviamente, que não estou propondo que devamos deixar de lado o conteúdo programático, mas sim, permeá-lo daquilo que realmente produz vida, que descortina a vida eterna para o aluno, que suscita e que o instiga a curiosidade para conhecer Deus. Se admitirmos que a educação para ser completa deve alcançar toda a dimensão humana: espírito, alma e corpo, aceitaremos a verdade de que o professor comprometido com o Reino de Deus procurará transmitir, prudentemente, aos seus alunos os valores eternos contidos na Bíblia Sagrada.
S. Tomás de Aquino declarou na terceira parte de sua Summa: Não pode faltar o desenvolvimento do natural e do sobrenatural. Porque, se faltar um ou outro não haverá educação; educação completa não será senão a que trate conjuntamente da formação do homem no duplo aspecto de sua vitalidade: a natural e a sobrenatural.
Creio que o professor salvo tem as repostas para as grandes perguntas do ser. São elas: De onde vim? Quem sou? O que acontece depois da morte? Por que e para quê isso acontece comigo?
Dessa forma, de fora para dentro posso lançar em meus interlocutores a semente do Evangelho. Por outro lado, o Espírito Santo irá fazer brotar a vida de dentro para fora do espírito do aprendiz. Será que foi por isso que Jesus declarou que o Reino de Deus está dentro de vós? (Lc 17.21 - ARA).
III. RAZÕES PARA DOCENTE CRISTÃO CONTRIBUIR NA ÁREA SECULAR.
Muitos prejuízos têm causado a institucionalização da igreja e a mentalidade do clericalismo eclesiástico que disseminam a falsa idéia de que a obra de Deus deve ser realizada exclusivamente pelos obreiros consagrados das igrejas evangélicas. O educador cristão não deve ser enganado por essa falácia.
A Palavra de Deus nos mostra muitos leigos que fizeram grandes obras para Deus: a escrava de Naamã; Priscila e Aqüila; José, esposo de Maria; Dorcas; a mãe de Rufo; etc.
Os exemplos da experiência cristã atestam a valiosidade do trabalho dos leigos para o crescimento do Reino de Deus na face da Terra.
Abaixo, veremos algumas razões para o docente cristão contribuir na área secular.
1. A disseminação do Evangelho de Jesus Cristo não é uma tarefa exclusivamente clerical.
Essa verdade é fundamentada por três razões bíblicas:
a. O docente cristão faz parte do sacerdócio universal que integra todos os redimidos.
O apóstolo Pedro expôs essa revelação com muita propriedade: Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1 Pe 2.9)..
b. O docente cristão é uma testemunha de Jesus.
A honrosa incumbência de ser testemunha do Senhor não foi destinada somente aos oficiais da igreja de Cristo na terra. Para tanto, ele nos capacita com o poder sobrenatural do Seu Santo Espírito, conforme At 1.8.
c. O docente cristão é um membro do corpo de Cristo.
A metáfora paulina de 1 Co 12.21,22,25 mostra que cada crente é um membro do corpo de Cristo. Se um servo de Deus atua secularmente no ensino, o Senhor espera que esse membro aja orientado pela Cabeça desse organismo vivo que é Jesus.
Todo professor deve sentir-se honrado por fazer parte da igreja de Jesus. Também deve entender que a igreja (corpo) de Cristo não é simplesmente uma coleção de indivíduos que concordam com uma filosofia; a igreja é um organismo, do qual os membros são partes interrelacionadas. Logo, em cada escola que possui um educador salvo, ali está uma “extensão” da igreja.
2. O docente cristão é parte da centralidade que Jesus ocupa no cosmo.
Paulo recebeu uma grande revelação de Deus quando declarou a respeito da nossa relação com o Senhor Jesus Cristo: Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas. Isso nos autoriza dizer que cada crente é do Senhor; vive por Ele; e existe para Ele.
Logo, educador Cristão você pertence a Cristo! Você vive porque o Senhor lhe concede a vida! Você deve viver para Jesus!
Antes de expor essa verdade, o Apóstolo aos gentios expressara uma das poesias mais profundas da literatura cristã: Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? E depois. Finalizou Paulo: glória, pois, a ele eternamente. Amém! (Rm 11.33-36).
Quanto à verdade que vivemos para Cristo, podemos ler em Colossenses 3.23-24: Vós, servos, obedecei em tudo a vosso senhor segundo a carne, não servindo só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de coração, temendo a Deus. E, tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.
3. O docente cristão é agraciado com talentos naturais que serão cobrados pelo Senhor.
A parábola dos talentos registrada pelo Evangelista Mateus (25.14-30) revela que o Senhor: recompensará cada salvo pela forma com que utilizou o conhecimento que adquiriu; retribuirá, na eternidade, pelas habilidades naturais e espirituais que executou em prol do Reino de Deus; galardoará pelas oportunidades espirituais que soube aproveitar. E Que incentivo é para o professor cristão influenciar o ambiente em que está inserido com o Evangelho!
O docente cristão recebeu de Deus oportunidade para estudar e foi colocado por Deus numa posição de influência muito grande. Por isso, o Senhor espera que ele seja um propagador do Seu plano para a redenção do homem.
IV. DIFICULDADES ENCONTRADAS PELO DOCENTE CRISTÃO PARA INFLUENCIAR SEUS INTERLOCUTORES COM OS VALORES ESPIRITUAIS.
1. Saber o momento de expor a mensagem do evangelho.
Para saber a ocasião oportuna e adequada para apresentar Jesus em sala de aula é preciso inicialmente dominar muito bem o conteúdo formal da disciplina, a fim de ter consciência clara do melhor momento. Isso pode ocorrer quando da montagem do planejamento; ou, às vezes, extemporaneamente reconhecemos alguma boa oportunidade dada por Deus.
Quanto à forma de apresentar a Verdade, cabe lembrar a recomendação feita ao jovem “professor” Timóteo: “ao servo do Senhor não convém contender, mas, sim, ser manso para com todos, apto para ensinar, sofredor” (2 Tm 2:24).
Quanto à ocasião de se inserir o Evangelho em uma aula secular é bom que o docente cristão dependa de Deus bem como reconheça que esse trabalho é de interesse do Senhor; e, portanto, o professor deve orar a esse respeito bem como pedir oração à sua igreja acerca dessa necessidade. O mestre Paulo reconheceu essa carência: orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo... (Cl 4:3).
2. Ter conhecimento bíblico insatisfatório.
Ausência de conhecimento bíblico gera sérios problemas para o educador cristão, dentre outros: o não reconhecimento da sua identidade cristã; a timidez; a insegurança; e a desistência em falar de Cristo.
Não se exige que todo leigo cristão seja um teólogo. Entretanto, uma idéia geral e segura das principais doutrinas que fundamentam o Cristianismo deve ser do conhecimento de todo crente. Por isso, é aconselhável que o educador secular cristão tenha esse conhecimento básico, que pode ser adquirido pelo auto-didatismo (com o estudo de bons livros, principalmente de teologia sistemática); ou pode também ser adquirido fazendo um Curso Básico em Teologia.
Essa necessidade se justifica também pelo fato de que o profissional do magistério, onde estiver, será sempre professor. As pessoas, normalmente, esperam dele uma explicação da realidade ou desejarão sempre ouvir dele sua leitura de mundo. Daí, as grandes oportunidades que o educador tem de falar da salvação da alma. Se tiver um bom conhecimento bíblico isso será feito com maior eficácia.
3. Ser dirigido por falsos conceitos.
Muitos cristãos se omitem ou se frustram no compartilhamento do Evangelho porque confundem evangelismo com proselitismo; porque confundem Reino de Deus com denominacionalismo; por que confundem igreja universal com a igreja local. O professor crente deve desmistificar esses tabus a fim de que seu trabalho secular glorifique o nome de Deus.
3. Sofrer os efeitos da Secularização.
De modo bem geral chamo de “secularização” ao fenômeno histórico dos últimos séculos, pelo qual as crenças e instituições religiosas se converteram em doutrinas filosóficas e instituições legais; bem como no fenômeno caracterizado pelo esvaziamento do homem contemporâneo dos seus valores espirituais, numa verdadeira despessoalização do indivíduo.
A secularização atual é tão ampla que tem afetado o mundo e a sociedade; tem afetado o homem; e tem afetado até mesmo o Cristianismo. Por essa razão, toda pessoa que queira viver o Cristianismo verdadeiro, com o conseqüente compartilhar do Evangelho, irá ser fortemente recriminado.
E o educador cristão tem sofrido com esse problema, pois, o ambiente escolar é um terreno fortíssimo para germinar as ervas daninhas da secularização. Essa realidade é comprovada pela oposição à mensagem bíblica feita por parte de alguns líderes da escola, a contrariedade por parte de alguns pais; e pela rejeição por parte de alguns alunos. Mas, com a graça de Deus, continuaremos sendo “luz do mundo” e “sal da terra”!
V. REQUISITOS QUE O DOCENTE CRISTÃO DEVE DESENVOLVER PARA PODER CONTRIBUIR NA ÁREA SECULAR ATRAVÉS DO EVANGELHO


1. Requisitos Espirituais:
a. Amor
Jesus é a encarnação plena do amor. Não há como influenciar o ambiente no qual estamos inseridos com o Evangelho se não nos exercitarmos no amor.
O Docente deve amar em várias dimensões:
 amar a Deus
 amar a si próprio;
 amar o seu próximo (principalmente o seu aluno);
 amar seus inimigos;
 amar a sua profissão;
 amar a escola que trabalha;
 amar a toda pessoa que pode influenciar.
Todo servo de Deus que quer revelar o Evangelho, sem amor, não está apresentando Jesus, mas sim, uma mera religião formal. Todavia, aqueles que amam revelarão um evangelho encarnado, pessoal e relacional. Quem ama, de verdade, atrai os outros em torno de si. Não há como querer influenciar alguém sem atraí-lo primeiramente. Logo, o educador cristão que viver o amor contribuirá muito no meio secular.
O general-de-divisão John Stanford foi interrogado de como ele faria para desenvolver líderes, seja na Universidade de Santa Clara, nas Forças Armadas americanas, no governo, na área de organizações sem fins lucrativos ou na iniciativa privada. Ele Respondeu: Quando alguém me faz essa pergunta, repondo que tenho o segredo do sucesso na vida. O segredo do sucesso é amar. O amor me fornece a chama necessária para acender as outras pessoas, para enxergar seu íntimo, para ter um desejo maior de fazer as coisas do que as outras pessoas. Quem não ama, na verdade não sente o tipo de entusiasmo que ajuda a ir em frente, a liderar os outros e a alcançar objetivos. Não conheço nenhuma outra chama, nenhuma outra coisa na vida que seja mais estimulante e mais positiva do que o amor. (KOUZES & POSNER, O desafio da liderança, Ed. Campus, 1997).
É o exercício do amor nas dimensões citadas acima que nos dá entusiasmo para continuar pondo nosso trabalho secular a serviço do Senhor Jesus!
a. Espiritualidade
O ato de ler a bíblia e o ato de orar, mecanicamente, sozinhos, não geram espiritualidade. Essas duas atitudes cooperam para isso, mas isoladas, somente produzem religião e ritualismo.
Na verdade, essas atitudes devem ser complementadas e sustentadas com uma relação pessoal do cristão com a pessoa do Espírito Santo. Como pessoa que é , Ele quer se relacionar conosco, e tem interesse em fazê-lo, pois a função central de Seu ministério entre os homens é glorificar a Jesus. Assim, o Espírito Santo quer que nós contribuamos no ambiente secular como educadores cristãos que somos. E ele deseja nos ajudar nesse propósito!
 Relacionamento pessoal com o Espírito Santo
É possível relacionarmo-nos pessoalmente com o Espírito Santo, pois o próprio Jesus declarou que Ele é uma pessoa que está próximo de nós, e em nós. Disse Jesus: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre. a saber, o Espírito da verdade, O qual o mundo não pode receber; porque não O vê nem O conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós. Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós. [...] Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, Esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito. [...] Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras. (Jo 14.16,17,26; 16.13).
Quando nos relacionamos pessoalmente com Espírito Santo, a Bíblia Sagrada deixa de ser um livro religioso e passa ser verdadeiramente a Palavra de Deus. Com um relacionamento pessoal com Aquele que inspirou a Bíblia Sagrada, passamos a nos apegar mais à Verdade escrita.
 Apego à Palavra de Deus
Vejamos adiante algumas verdades sobre o apego à Palavra de Deus, que gera espiritualidade genuína.
A única fonte geradora de fé é a Palavra de Deus (Rm 10.17). Logo, se quisermos ampliar nossa comunhão com Deus e nossa fé n’Ele, precisamos confrontar continuamente nosso ser com a Bíblia Sagrada.
Deus fala ao nosso coração pela Palavra, educadamente, e espera de nós uma resposta positiva de modo espontâneo - (Ap 3.20). À medida que vamos nos abrindo para a Palavra de Deus, mais vamos ouvindo e entendo o falar do Senhor e, conseqüentemente, temos aumentada a nossa fé.
A Palavra nos mostra como nós somos na realidade. Isso nos sensibiliza diante de Deus. E nos capacita a ouvi-Lo mais. A tradução feita na Bíblia Viva de Hb 4.12 deixa isso bem claro: Tudo quanto Deus nos diz é cheio de força viva: é mais cortante de que o punhal mais afiado, e corta rápido e profundo em nossos pensamentos e desejos mais íntimos em todos os seus detalhes, mostrando-nos como somos na realidade.
A Palavra é a comida que sustenta nosso espírito. Se comermos pouco desse alimento ficaremos fracos espiritualmente e, assim, não teremos forças para escutar quando o Senhor fala conosco. Mas, se nós nos alimentarmos dela, teremos gozo e alegria pois passaremos a ouvir mais o Senhor (Dt 8.3, Jr 15.16).
Quem mais ouve a voz do Espírito Santo mais bem aventurado será, mais prosperidade gozará. Isso porque a verdadeira prosperidade se instala na nossa vida cristã quando obedecemos a Palavra e meditamos n’Ela para termos convicção de que estamos obedecendo ao Senhor. Essa atitude afina nosso espírito com o Espírito de Deus (Js 1. 6-9).
Tendo a Bíblia no coração podemos orar de forma mais eficaz, orando as próprias palavras bíblicas. “Orando a Bíblia” oramos com mais autoridade e tornamo-nos mais sensíveis a voz de Deus.
Portanto, Somente uma vida de espiritualidade real nos dará fé e coragem para contribuirmos, segundo a vontade de Deus, em nosso ambiente secular. Essa fé e essa coragem gerada pela espiritualidade nos motivará a enfrentar as oposições e os desafios de nosso trabalho de “sal terra” e “luz do mundo!”
a. Ter bom testemunho cristão
Um antigo ditado popular diz “as palavras ensinam, mas o exemplo arrasta”. Antes de ser senso comum, esse pensamento expressa uma realidade.
Sócrates quando ensinava seus alunos acerca da comunicação dizia que o nosso jeito de ser é mais importante do que o que dizemos ou fazemos, já que determina o que dizemos ou fazemos. Aquilo que somos como pessoa é o fator que mais pesa em nossa atuação como professor.
O caráter do mestre que tem bom testemunho cristão gera confiança no coração do aluno. Quando este percebe a qualidade de vida do professor, reconhece que ele tem algo a oferecer-lhe; sente que pode confiar nele. Percebe que o mestre não mentiria para ele. Essa credibilidade é o maior atributo que o professor possui para sua comunicação. Tenhamos o máximo cuidado para não perdê-la, pois uma vez perdida é dificílimo reconquistá-la. (HENDRICKS, Howard. Ensinando para transformar vidas, Ed. Betância, 1991).
Se quisermos, de fato, influenciar contribuindo positivamente na área secular, precisamos nos conscientizar que a base do trabalho docente eficaz é aquilo que realmente nós somos, vem de dentro de nós. De vez em quando, devemos nos dirigir a nós mesmos e perguntar: “Que tipo de pessoa sou eu?”
b. Sabedoria Divina
Conforme o pensamento grego, era a sabedoria a mais alta qualidade do homem. Para os gregos, ela significava compreensão das coisas divinas.
Para nós, podemos entender a sabedoria espiritual como a compreensão do que é correto e do que se deve fazer. E a compreensão do que está errado e do que deve ser evitado. Existe uma linha divisória entre a sabedoria do mundo e a sabedoria de Deus, que é a Palavra da Cruz. Por isso, não devemos confiar somente na sabedoria humana que pensamos ter, para anunciar a Cristo, mas sim, confiar na sabedoria que vem de Deus.
a. Justiça
Vimos anteriormente sobre a sabedoria divina. Agora, estamos falando da sua filha: a justiça. A sabedoria de Deus é justa. Sabedoria desvinculada da justiça é sagacidade e malícia.
O professor cristão deve ser justo:
 consigo mesmo;
 com suas obrigações profissionais;
 com os líderes de sua escola.
 com a sua escola enquanto instituição;
 com a sociedade;
 com o seu aluno;
 com a avaliação que faz desse aluno;
 com a imparcialidade que age com os diferentes alunos .
O docente cristão que vive a justiça terá capacidade para contribuir muito com o meio no qual está inserido. A pessoa que tem senso de justiça e pratica-a acaba se tornando referencial, onde quer que esteja. Dessa forma, exercerá muito mais influência sobre os outros.
2. Requisitos de natureza material:
a. Competência profissional
Do ponto de vista material e moral, o que irá legitimar as oportunidades efetivas para o educador cristão contribuir no meio secular é a sua competência profissional. Se esse cristão não for competente, quando falar do Evangelho, ao invés de contribuir para promoção do Reino de Deus, irá escandalizar a obra do Senhor.
A competência profissional se revela em inúmeros aspectos na vida do professor. Em todos eles, o educador cristão deve ser irrepreensível.
b. Entendimento dos problemas da contemporaneidade.
Quando o rei Davi iniciou a consolidação do seu governo recebeu tanto apoio militar como popular. Todas as tribos de Israel mandaram soldados para o novo rei. Entretanto, isso não foi suficiente para Davi se estabelecer no trono, como bem observou David Fisher, na obra O Pastor do Século XXI, Editora Vida, no meio dos nomes dos que vieram ajudar a Davi encontra-se um profundo comentário: A tribo de Issacar enviou duzentos chefes ao novo rei: entendidos na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer (1 Cr 12.32).
O educador cristão deve também conhecer bem os dias em que vivemos e deve saber o que fazer diante de seus desafios. Já vimos a secularização como um grande desafio, mas ainda podemos citar outros:
 Globalização;
 Urbanização;
 Tecnologia;
 Individualismo;
 Materialismo/.Consumismo;
 Falta de Raízes;
 Derrocada Moral;
 Conflitos/Guerras Culturais;
 Qualidade de vida decrescente.
a. Ecletismo
Já vimos que o educador cristão que deseja contribuir de forma abençoadora no ambiente secular deve dominar os conteúdos da disciplina que ministra. Também precisa ter uma noção das outras disciplinas; deve desenvolver a capacidade de contextualizar suas aulas com as necessidades dos seus alunos. Somente assim, ele terá mais facilidade de construir as pontes entre sua aula e o conteúdo do Evangelho.
Essa exigência, que Deus sempre fez de nós, somente agora parece ser cobrada oficialmente, na educação formal pela LDB.
a. Sutileza
O educador cristão deve agir de forma fina. As pontes que irá criar entre o conteúdo programático formal com as verdades eternas não devem ser construídas com estardalhaço.
Não devemos interromper nossa aula e dizer: “agora, vou parar de falar de História do Brasil e vou falar de Jesus para vocês”. Não. A mensagem eterna deve ser permeada naturalmente na nossa fala.
É aconselhável que isso não seja feito de improviso. No planejamento de nossa aula, devemos já imaginar como podemos enriquecer nosso aluno com os valores do Reino de Deus. Para tanto, precisamos pedir ao Senhor uma perspicácia santa, um oportunismo legítimo e justificável. Afinal de contas, a salvação é o conteúdo mais importante que alguém pode conhecer.
Vale lembrar que essa sutileza espiritual irá orientar a linguagem adequada para a exposição do Evangelho em um ambiente secular. Certos vocábulos, expressões e jargões igrejais são totalmente prejudiciais e, portanto, dispensáveis.
a. Simpatia
O professor simpático tem a tendência de reunir os alunos em torno de si, principalmente, fora da sala de aula. Os alunos instintivamente procuram estar mais próximos dos professores que lhes são queridos. Isso acontece porque tais educadores têm um sentimento caloroso e espontâneo em relação aos seus educandos. Desse relacionamento é muito mais fácil brotar a semente da Palavra de Deus e da influência do Evangelho.
A simpatia leva o indivíduo a compartilhar alegrias e tristezas do próximo. Isso torna a pessoa agradável e aprazível. Logo, essa qualidade deve ser desenvolvida pelo professor cristão, pois o ensino que realmente causa impacto não é o que passa de uma mente para outra, mas o que passa de um coração para outro.
Transferir conhecimento de intelecto para intelecto é a coisa mais simples do mundo. Mas fazer esse trajeto pela via do coração é bem mais difícil, mas também muito mais compensador. Aliás opera transformação de vida . (HENDRICKS, Op. Cit.).
É nossa simpatia, dentre outros fatores, que vai gerar no aluno motivação para aprender o conteúdo da nossa disciplina secular e aceitar o conteúdo do Evangelho.
Somos simpáticos? Que tipo de reação temos para com os outros? Eles nos incomodam? Inspiram-nos a agirmos? Temos simpatia por eles? E eles nos acham simpáticos? Ou Sentimo-nos ameaçados por eles?
VI. ESTRATÉGIAS CONTRIBUIDORAS DO EDUCADOR CRISTÃO
1. Orar pelos envolvidos em nossa prática secular.
Quando oramos, Deus age no reino do espírito, atua na mente, e motiva as intenções das pessoas. Como disse John Wesley: “Deus prefere agir quando a gente ora”. Se quisermos influenciar nosso ambiente devemos preliminarmente orar por ele”.
2. Investir na relação extraclasse
A amizade se consolida não em relações formais. A situação de sala de aula, por mais descontraída que seja, é formal. Dentro da classe não poderemos comunicar toda a Verdade de Deus para nossos alunos. Daí, vemos a importância de se promover uma relação contribuidora extraclasse.
3. Contextualizar as verdades do evangelho a partir de “pontes” que brotam do conteúdo.
a. É preciso saber qual o momento adequado para mostrar o quanto o conteúdo espiritual permeia o saber historicamente acumulado pela humanidade.
b. É necessário orar, pedindo que Deus produza as oportunidades para puxar do conteúdo os valores eternos.
c. Deve-se mostrar que Cristianismo não é simplesmente uma religião; mas sim, um envolvimento, um compromisso vertical (com Cristo) e horizontal (com o próximo), costurado por uma responsabilidade centrífuga (do indivíduo amar-se a si próprio de modo sadio).
d. É preciso sutileza para que o conteúdo formal não seja prejudicado e nem a realidade espiritual apresentada incompleta.
e. Faz-se necessário conhecer profundamente as necessidades gerais dos alunos, que são:
 necessitam de uma imagem positiva de si mesmos;
 querem descobrir a verdade, ela para nós não é nossa liturgia ou nossos dogmas e costumes, a verdade é uma pessoa, ou seja, é Jesus Cristo, o Filho do homem, o salvador da humanidade;
 carecem de alguém como exemplo: E devemos apresentar o verdadeiro estereótipo para os seres humanos - Jesus Cristo, o Filho do Homem, cheio de graça e de verdade.
 precisam aprender a administrar a responsabilidade.
e. é preciso conhecer, na medida do possível, as necessidades específicas de cada aluno, saber as carências da escola e identificar o que precisam os demais colegas de trabalho.
4. Descobrir e mobilizar os alunos que já são cristãos, afim de influenciarem os outros.
Nossos alunos crentes podem ser muito mais eficazes que nós na exposição ostensiva e explícita da Palavra de Deus. Mas, eles precisam de um incentivo, de um estímulo, e até de treinamento dentro da igreja. Muitas escolas são abençoadas porque um grupo de jovens cristãos começaram orar e se reunirem para cantarem e lerem a Palavra juntos, em momentos extraclasses.
Como líderes que somos, nós, os educadores, devemos agir com mais determinação afim de motivar os jovens crentes a comunicar o evangelho aos seus amigos.
5. Aproveitar os eventos culturais
É natural a vinculação da cultura à religiosidade do ser humano. Às vezes, surge algum espaço nesses eventos para que possamos apresentar o evangelho, de modo não ostensivo.
6. Promover projetos interdisciplinares.
Nesse sentido, os chamados temas transversais são muito sugestivos para se falar, da vontade de Deus para o ser humano, desde que, como já vimos, isso seja feito com sutileza. Às vezes, os professores cristãos são convidados para exporem o ponto de vista da religião cristã sobre os diferentes temas. Essas oportunidades não devem ser negadas e precisam ser aproveitadas muito bem.
7. Promover palestras e seminários.
Quando as planejamos respeitando a pluralidade religiosa normalmente os líderes das escolas são atraídos pela idéia.
8. Utilizar material de apoio atrativo:
 mensagens escritas;
 utilizar música evangélica
 utilizar fitas de vídeo
VII. RECOMPENSAS AO DOCENTE QUE INFLUENCIA A ÁREA SECULAR COM SUA POSTURA CRISTÃ.
1. Realização profissional e Espiritual.
Quando nos conscientizamos que fazemos parte do sacerdócio universal do Cristianismo, quando assumimos a postura de testemunhas do Senhor Jesus, quando nos deixamos ser usados pela Cabeça como membros do Seu carpo místico na terra, quando temos a convicção íntima de que fazemos parte da centralidade de Cristo no cosmo, chegamos à conclusão que o nosso trabalho secular como educadores não é um serviço meramente para a manutenção de nossa sobrevivência, mas sim, um trabalho para a manutenção dos propósitos divinos na face da Terra. E, quando essa convicção profunda da realidade espiritual irrompe em nossa consciência, vemos emergir de dentro do nosso espírito o sentido da vida. Essa é a maior retribuição que um mortal pode de ter, ou seja, a sua realização plena como filho de Deus. E isso tudo acontece porque deixamos de viver somente para nós, e passamos a viver para o Senhor e para os outros!
2. Suprimento de necessidades materiais.
O Pai tem um sério compromisso de amor com aqueles que buscam prioritariamente o Seu Reino e a Sua justiça. Jesus declarou que quem assim age não passará nenhuma necessidade material (Mt 6.33). O educador cristão que se conscientizar disso sempre terá suprida suas necessidades. É uma promessa do Senhor. E Ele cumpre plenamente as Suas promessas.
3. Galardão no Tribunal de Cristo.
O Senhor nos julgará pelas motivações com as quais fizemos algo em favor da Sua obra. Paulo recebeu uma maravilhosa revelação de Deus a esse respeito: O Dia de Cristo vai mostrar claramente a qualidade do trabalho de cada um. Pois o fogo daquele Dia mostrará o trabalho de cada pessoa: O fogo vai mostrar e provar a verdadeira qualidade do trabalho. Se aquilo que alguém construir em cima do alicerce resistir ao fogo, então o construtor receberá a recompensa. Mas, se o trabalho de alguém for destruído pelo fogo, então esse construtor perderá a recompensa. Porém ele mesmo será salvo, como se tivesse passado pelo fogo para se salvar. (1 Co 3.13-15 - BLH). Paulo continua ensinando: Porque todos nós temos de nos apresentar diante de Cristo para sermos julgados por ele. E cada um vai receber o que merece, de acordo com o que fez de bom ou de mau na sua vida aqui na terra. (2 Co 5.10 - BLH).
Ainda vemos que a palavra de Deus nos diz que o Senhor é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6). Ele não é injusto para se esquecer das nossas obras (Hb 6.10), pois da Sua morada contempla todos os moradores da terra e todas as suas obras (Sl 33.14,15), e tudo é registrado nos céus: Ap 20.12. O Senhor retribuirá a cada um segundo a sua obra (Sl 62.12) e, infalivelmente, cumprirá as promessas pois Ele é fiel (Hb 10.23), e vela pela Sua Palavra para cumprir (Jr 1.12).
Portanto, queridos irmãos e queridas irmãs, continuem fortes e firmes. Continuem ocupados no trabalho do Senhor, pois vocês sabem que todo o seu esforço nesse trabalho sempre traz proveito” (1 Co 15.57,58 - BLH).

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ROBSON BRITO, Ministro do Evangelho da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembléias de Deus do Estado do Paraná; Líder da Assembléia de Deus em Sarandi, Campo de Maringá - PR; Professor do Ensino Médio e de Cursos Pré-vestibulares; Licenciado em Letras; Bacharel em Direito; Mestrando em Lingüística Aplicada; Bacharelando em Teologia; casado com Rute e pai de dois filhos.