Valmir Nascimento
30-06-04, 06:16 PM
Um ótimo artigo. Recomendo a leitura!!!
Valmir Nascimento
O Nosso Culto Errado
Pr. Magno Paganelli
Há algum tempo venho me incomodando com algumas afirmações que pastores e pregadores em geral fazem nos cultos. Algo do tipo: "Receba hoje a sua vitória!" "Tome posse da sua bênção", "Declare a sua prosperidade" ou "Não saia daqui hoje sem levar a sua vitória".
Quando eu era novo convertido, recém saído do vício, ouvia uma coisa dessas e saía correndo pra casa acreditando encontrar um pacote de dinheiro sobre minha cama, e com ele pagar a dívida com os vendedores de droga. Até hoje nem uma "notinha".
Eu me decepcionava, de certa forma. E imagino que muitas das pessoas que ouvem essas declarações de "guerra" também se decepcionam no mesmo dia ao chegar em casa, ou alguns dias mais tarde.
Aí alguém pergunta: Mas Deus, ou Jesus, não nos deu autoridade? A nossa palavra não tem poder? Não somos filhos do dono do ouro e da prata? Um monte de perguntas pode ser feita mas não sem antes essa: Nós cultuamos como a Bíblia ensina?
Não. Definitivamente nosso culto nada tem a ver com a forma vista nos cultos descritos nas Escrituras. E já nos cultos do Antigo Testamento, com toda a aparente ignorância de alguns judeus, eles ganhavam de longe da nossa forma de cultuar.
Observe Davi num salmo onde ele declara sua profunda tristeza, o salmo 13. Ele começa dizendo: "Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?" E termina declarando: "Mas eu confio na tua benignidade, na tua salvação meu coração se alegrará. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem".
Eu citei o salmo 13, mas poderia ter sido qualquer outro salmo de Davi. Na maioria deles aquele rei, que teve uma vida não muito sossegada por causa dos inimigos de Israel, começa apresentando o problema a Deus e termina louvando-o, fazendo declarações de amor, exaltando a grandeza do Senhor.
Voltando um pouco mais no mesmo antigo Testamento, vemos Moisés quando convocava o povo a ofertar para a construção do Tabernáculo. Os hebreus que saíram do Egito, não é novidade, eram um povo problemático. No entanto, Deus manda trazerem ofertas, e a lista começa com ouro, prata e cobre (Ex 25.1-3).
Lá na frente lemos coisas assim: "E veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito VOLUNTARIAMENTE o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor"; "E assim vieram homens e mulheres, TODOS DISPOSTOS DE CORAÇÃO; trouxeram..."; "E todo o homem que se achou com... os trazia"; "todo aquele que oferecia oferta alçada de prata ou de metal, a trazia";
"E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o fiado"; "E todas as mulheres cujo coração as moveu em sabedoria..."; "e os príncipes traziam pedras sardônicas..."; "Todo o homem e mulher, cujo coração VOLUNTARIAMENTE se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse pela mão de Moisés" (Ex 35.20-29).
É uma seqüência de dez versículos em que nove apontam para pessoas trazendo e se esforçando para fazer algo para trazerem diante de Deus conforme a sua solicitação.
Fato semelhante aconteceu quando Salomão, filho de Davi, disse que construiria um grande templo ao Senhor. Ele chegou ao ponto de precisar mandar ao povo que parasse de trazer bens, pois já sobravam os recursos, de tanto que o povo se mobilizou.
Para resumir, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, seja no que diz respeito a coisas materiais ou espirituais, o povo da Bíblia se achegava a Deus para "doar". Não leia "doar" como trazer alguma oferta de dois ou três reais. Leia "doar" no sentido de "oferecer-se", "esforçar-se", de "dar-se" a Deus pelo que Ele é, pelo que Ele faz e pelo que Ele pode fazer.
A palavra "cultuar" não quer dizer "ir buscar algo de". Ao contrário, ela sugere a entrega que o homem faz ao seu Deus. Cultuar, ir ao culto, coisa que alguns só fazem aos domingos, subentende que você irá levar o seu corpo para prestar um culto ao Deus que te salvou, a quem você diz amar! E por incrível que pareça, até as pessoas que cultuam deuses mudos e surdos entendem assim.
Mas o que é que vemos nas igrejas? Pessoas que vão ao templo para resolverem seus problemas financeiros, de desemprego, de saúde, de ordem emocional e outras coisas. Vamos ao culto e alguns pastores nos incentivam a pedir, pedir, pedir. Decretar, decretar, decretar. Exigir, exigir e exigir.
Não é exagero afirmar que esse comportamento é anti bíblico. A igreja não é balcão de atendimento, os pastores não são atendentes e Deus não é devedor a ninguém. Nós é que devemos a Ele todo o nosso louvor, adoração, gratidão.
Aí reside outro engano. Grande parte dos membros de igrejas imaginam que cantar é expressar a verdadeira adoração, e saem dos templos imaginando serem os verdadeiros adoradores a quem o Pai procura desesperadamente (João 4). Mas não.
O louvor, SE BEM FEITO, pode levar à adoração. Mas o simples cantar a letra projetada na parede pelo retroprojetor nada tem a ver com o que Jesus disse sobre adoração. Mas isso é assunto para outra mensagem.
Não quero que fique desapontado se você tem esse tipo de postura nos cultos que freqüenta. Talvez até mesmo eu tenha que mudar meu comportamento e intenção diante de Deus no momento do culto.
O importante é saber que há um imenso abismo entre a forma como entendemos culto e o modo que vemos esse culto acontecendo com os personagens bíblicos. É até o fato de dizer que o cuidado de Deus manifestou-se mais uma vez entre nós.
Por isso vamos cultua-lo. Ele quer ser adorado, reconhecido como o único Deus, o único Salvador. Ele quer receber nossa gratidão pelo que tem feito, e não apenas saber o valor da nossa próxima conta a ser paga.
As bases da nossa relação com Deus devem ser todas revistas e novamente estabelecidas. E isso certamente nos trará saúde espiritual... e quem sabe o dinheiro para você e eu pagarmos a próxima conta, sem ter que exigir, decretar, e fazer declarações autoritárias diante daquele que detêm todo o poder.
Pr. Magno Paganelli
É Pastor e Professor de Teologia. Tem sido convidado a ministrar estudos e palestras em diversas igrejas, centros de estudos e seminários no Brasil e no exterior.
Valmir Nascimento
O Nosso Culto Errado
Pr. Magno Paganelli
Há algum tempo venho me incomodando com algumas afirmações que pastores e pregadores em geral fazem nos cultos. Algo do tipo: "Receba hoje a sua vitória!" "Tome posse da sua bênção", "Declare a sua prosperidade" ou "Não saia daqui hoje sem levar a sua vitória".
Quando eu era novo convertido, recém saído do vício, ouvia uma coisa dessas e saía correndo pra casa acreditando encontrar um pacote de dinheiro sobre minha cama, e com ele pagar a dívida com os vendedores de droga. Até hoje nem uma "notinha".
Eu me decepcionava, de certa forma. E imagino que muitas das pessoas que ouvem essas declarações de "guerra" também se decepcionam no mesmo dia ao chegar em casa, ou alguns dias mais tarde.
Aí alguém pergunta: Mas Deus, ou Jesus, não nos deu autoridade? A nossa palavra não tem poder? Não somos filhos do dono do ouro e da prata? Um monte de perguntas pode ser feita mas não sem antes essa: Nós cultuamos como a Bíblia ensina?
Não. Definitivamente nosso culto nada tem a ver com a forma vista nos cultos descritos nas Escrituras. E já nos cultos do Antigo Testamento, com toda a aparente ignorância de alguns judeus, eles ganhavam de longe da nossa forma de cultuar.
Observe Davi num salmo onde ele declara sua profunda tristeza, o salmo 13. Ele começa dizendo: "Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o teu rosto?" E termina declarando: "Mas eu confio na tua benignidade, na tua salvação meu coração se alegrará. Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem".
Eu citei o salmo 13, mas poderia ter sido qualquer outro salmo de Davi. Na maioria deles aquele rei, que teve uma vida não muito sossegada por causa dos inimigos de Israel, começa apresentando o problema a Deus e termina louvando-o, fazendo declarações de amor, exaltando a grandeza do Senhor.
Voltando um pouco mais no mesmo antigo Testamento, vemos Moisés quando convocava o povo a ofertar para a construção do Tabernáculo. Os hebreus que saíram do Egito, não é novidade, eram um povo problemático. No entanto, Deus manda trazerem ofertas, e a lista começa com ouro, prata e cobre (Ex 25.1-3).
Lá na frente lemos coisas assim: "E veio todo o homem, a quem o seu coração moveu, e todo aquele cujo espírito VOLUNTARIAMENTE o excitou, e trouxeram a oferta alçada ao Senhor"; "E assim vieram homens e mulheres, TODOS DISPOSTOS DE CORAÇÃO; trouxeram..."; "E todo o homem que se achou com... os trazia"; "todo aquele que oferecia oferta alçada de prata ou de metal, a trazia";
"E todas as mulheres sábias de coração fiavam com as suas mãos, e traziam o fiado"; "E todas as mulheres cujo coração as moveu em sabedoria..."; "e os príncipes traziam pedras sardônicas..."; "Todo o homem e mulher, cujo coração VOLUNTARIAMENTE se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o Senhor ordenara se fizesse pela mão de Moisés" (Ex 35.20-29).
É uma seqüência de dez versículos em que nove apontam para pessoas trazendo e se esforçando para fazer algo para trazerem diante de Deus conforme a sua solicitação.
Fato semelhante aconteceu quando Salomão, filho de Davi, disse que construiria um grande templo ao Senhor. Ele chegou ao ponto de precisar mandar ao povo que parasse de trazer bens, pois já sobravam os recursos, de tanto que o povo se mobilizou.
Para resumir, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, seja no que diz respeito a coisas materiais ou espirituais, o povo da Bíblia se achegava a Deus para "doar". Não leia "doar" como trazer alguma oferta de dois ou três reais. Leia "doar" no sentido de "oferecer-se", "esforçar-se", de "dar-se" a Deus pelo que Ele é, pelo que Ele faz e pelo que Ele pode fazer.
A palavra "cultuar" não quer dizer "ir buscar algo de". Ao contrário, ela sugere a entrega que o homem faz ao seu Deus. Cultuar, ir ao culto, coisa que alguns só fazem aos domingos, subentende que você irá levar o seu corpo para prestar um culto ao Deus que te salvou, a quem você diz amar! E por incrível que pareça, até as pessoas que cultuam deuses mudos e surdos entendem assim.
Mas o que é que vemos nas igrejas? Pessoas que vão ao templo para resolverem seus problemas financeiros, de desemprego, de saúde, de ordem emocional e outras coisas. Vamos ao culto e alguns pastores nos incentivam a pedir, pedir, pedir. Decretar, decretar, decretar. Exigir, exigir e exigir.
Não é exagero afirmar que esse comportamento é anti bíblico. A igreja não é balcão de atendimento, os pastores não são atendentes e Deus não é devedor a ninguém. Nós é que devemos a Ele todo o nosso louvor, adoração, gratidão.
Aí reside outro engano. Grande parte dos membros de igrejas imaginam que cantar é expressar a verdadeira adoração, e saem dos templos imaginando serem os verdadeiros adoradores a quem o Pai procura desesperadamente (João 4). Mas não.
O louvor, SE BEM FEITO, pode levar à adoração. Mas o simples cantar a letra projetada na parede pelo retroprojetor nada tem a ver com o que Jesus disse sobre adoração. Mas isso é assunto para outra mensagem.
Não quero que fique desapontado se você tem esse tipo de postura nos cultos que freqüenta. Talvez até mesmo eu tenha que mudar meu comportamento e intenção diante de Deus no momento do culto.
O importante é saber que há um imenso abismo entre a forma como entendemos culto e o modo que vemos esse culto acontecendo com os personagens bíblicos. É até o fato de dizer que o cuidado de Deus manifestou-se mais uma vez entre nós.
Por isso vamos cultua-lo. Ele quer ser adorado, reconhecido como o único Deus, o único Salvador. Ele quer receber nossa gratidão pelo que tem feito, e não apenas saber o valor da nossa próxima conta a ser paga.
As bases da nossa relação com Deus devem ser todas revistas e novamente estabelecidas. E isso certamente nos trará saúde espiritual... e quem sabe o dinheiro para você e eu pagarmos a próxima conta, sem ter que exigir, decretar, e fazer declarações autoritárias diante daquele que detêm todo o poder.
Pr. Magno Paganelli
É Pastor e Professor de Teologia. Tem sido convidado a ministrar estudos e palestras em diversas igrejas, centros de estudos e seminários no Brasil e no exterior.